Instagram mostra mais conteúdo sobre transtornos alimentares para adolescentes vulneráveis, diz pesquisa da Meta
Instagram mostra mais conteúdo sobre transtornos alimentares para adolescentes vulneráveis, diz pesquisa da Meta
Reuters
20/10/2025
Por Jeff Horwitz
(Reuters) - Pesquisadores da Meta descobriram que adolescentes que dizem que o Instagram regularmente faz com que se sintam mal com seus corpos viram significativamente mais “conteúdo adjacente a transtornos alimentares” do que aqueles que não relataram isso, de acordo com um documento interno visto pela Reuters.
As postagens mostradas a esses usuários apresentavam “exibição proeminente” de peito, nádegas ou coxas, “julgamento explícito” sobre tipos de corpo e “conteúdo relacionado a distúrbios alimentares e/ou de imagem corporal negativa”.
Embora esse tipo de material não seja proibido no Instagram, os pesquisadores observaram que pais, adolescentes e especialistas externos disseram à Meta que acreditam que ele é potencialmente prejudicial a usuários jovens.
A Meta entrevistou 1.149 adolescentes ao longo do ano letivo de 2023-2024 para saber se e com que frequência eles se sentiam mal com seus corpos após usar o Instagram. Em seguida, eles coletaram amostras do conteúdo que esses usuários viram na plataforma ao longo de três meses.
O estudo mostrou que, para os 223 adolescentes que frequentemente se sentiam mal com seus corpos após utilizarem o Instagram, 'conteúdo relacionado a transtornos alimentares' representou 10,5% do que viram na plataforma. Entre os outros adolescentes do estudo, esse tipo de conteúdo representou apenas 3,3% do que viram.
“Adolescentes que relataram insatisfação corporal frequente após visualizar postagens no Instagram… viram cerca de três vezes mais conteúdo focado no corpo/relacionado a transtornos alimentares do que outros adolescentes”, escreveram os autores, referindo-se a transtornos alimentares, de acordo com um resumo da pesquisa visto exclusivamente pela Reuters.
Além de ver mais conteúdo relacionado a transtornos alimentares, os pesquisadores descobriram que os adolescentes que relataram os sentimentos mais negativos sobre si mesmos viram mais conteúdo provocativo de forma mais ampla. Esse conteúdo é classificado pela Meta como 'temas adultos', 'comportamento de risco', 'dano e crueldade' e 'sofrimento'.
Cumulativamente, esse conteúdo foi responsável por 27% do que esses adolescentes viram na plataforma, em comparação com 13,6% entre seus colegas que não relataram sentimentos negativos.
PREOCUPAÇÃO
Os pesquisadores enfatizaram que suas descobertas não comprovam que o Instagram estava fazendo com que os usuários se sentissem pior em relação a seus corpos.
'Não é possível estabelecer a direção causal dessas descobertas', escreveram, observando a possibilidade de que adolescentes que se sentiam mal consigo mesmos pudessem estar buscando ativamente esse material.
A pesquisa mostrou que o Instagram expôs adolescentes que 'relatam frequentemente insatisfação corporal' a altas doses de conteúdo que os próprios consultores da Meta 'expressaram apoio para limitar'.
Em uma declaração, o porta-voz da Meta, Andy Stone, disse que o documento analisado pela Reuters demonstra o comprometimento da companhia em entender e melhorar seus produtos.
“Esta pesquisa é mais uma prova de que continuamos comprometidos em entender as experiências dos jovens e usar esses insights para construir plataformas mais seguras e favoráveis aos adolescentes”, disse Stone. Recentemente, a empresa anunciu que tentaria mostrar conteúdo para menores de acordo com os padrões de filmes PG-13.
No estudo, a Meta disse que suas ferramentas de triagem existentes -- que foram projetadas para detectar violações das regras da plataforma -- eram incapazes de detectar 98,5% do conteúdo 'sensível' que a empresa acredita que pode não ser apropriado para adolescentes.
A descoberta 'não foi necessariamente surpreendente', escreveram os pesquisadores, porque a Meta havia começado recentemente a trabalhar na construção de um algoritmo para detectar conteúdo potencialmente prejudicial.
ASSOCIAÇÃO ENTRE CONTEÚDO E SENTIMENTO SOBRE O CORPO
O estudo, marcado como 'Não distribuir interna ou externamente sem permissão', é a mais recente pesquisa interna que demonstra uma 'associação' entre a visualização de conteúdo de moda, beleza e fitness e relatos de usuários que se sentem 'pior em relação ao próprio corpo', afirma o documento.
A pesquisa foi conduzida como parte dos esforços da Meta para entender as interações entre os usuários e seus próprios produtos, que dependem de algoritmos para determinar qual conteúdo mostrar.
Nos Estados Unidos, a empresa enfrentou investigações estaduais e federais sobre os efeitos do Instagram em crianças, bem como processos civis movidos por distritos escolares alegando design de produto prejudicial e marketing enganoso em suas plataformas.
Esses processos citaram com destaque pesquisas internas vazadas da Meta, nas quais os responsáveis expressaram sua crença de que as recomendações de conteúdo da plataforma podem ser prejudiciais a jovens com problemas de imagem corporal.
Desde julho deste ano, disse Stone, a empresa reduziu pela metade a quantidade de conteúdo com restrição de idade mostrado aos usuários adolescentes do Instagram.
(Reportagem de Jeff Horwitz em Oakland, Califórnia)
Reuters

