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IPCA-15 surpreende com desaceleração em setembro apesar de pressão de energia

Placeholder - loading - Trabalhador diante de torres de transmissão de energia em Itaipu 29/05/2001 REUTERS
Trabalhador diante de torres de transmissão de energia em Itaipu 29/05/2001 REUTERS

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Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A alta do IPCA-15 desacelerou de forma inesperada em setembro com o alívio em Transportes compensando a pressão dos preços de energia, deixando a taxa em 12 meses mais longe do teto da meta em meio à inquietação do Banco Central com a inflação no Brasil.

Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) avançou 0,13%, conta alta de 0,19% em agosto e abaixo até mesmo da previsão mais fraca em pesquisa da Reuters, cuja mediana era de avanço de 0,3%.

Os dados informados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram ainda que nos 12 meses até setembro a taxa teve avanço de 4,12%, de 4,35% no mês anterior, e expectativa de 4,30%.

A meta para a inflação em 2024 é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

O resultado do IPCA-15 pode levar algum alívio ao Banco Central, que na semana passada passou a ver um cenário com risco mais elevado de alta da inflação à frente ao elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano.

'Em termos de Banco Central, é um numero que traz algum alívio quanto às preocupações de atividade aquecida e consequente repasse para a inflação', disse Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, que calcula a média dos núcleos do IPCA-15 em alta de 0,17%, abaixo de sua projeção de 0,29%.

'Mas os riscos ainda são predominantemente altistas, principalemente por parte de energia e alimentação, além do mercado de trabalho bastante aquecido', completou.

O IBGE apontou que o grupo Transportes teve queda de 0,08% em setembro, depois de uma alta de 0,83% em agosto. O resultado foi influenciado pela gasolina (-0,66%), com recuo também dos preços do etanol. Combustíveis como um todo tiveram deflação de 0,64%.

Os custos de Despesas Pessoais também passaram a cair, a uma taxa de 0,04% em setembro, de alta de 0,43% no mês anterior. A alta dos preços de Educação, por sua vez, diminuiu para 0,05% em setembro, de 0,75% no mês anterior.

PESOS

O grupo Habitação teve a maior variação, com alta de 0,50%, exercendo o maior impacto no índice. Isso porque o custo da energia elétrica residencial subiu 0,84% em setembro de uma queda de 0,42% em agosto por conta da bandeira tarifária vermelha patamar 1 a partir de 1º de setembro.

Já Alimentação e Bebidas, grupo de maior peso no índice, registrou aumento de 0,05% após dois meses de quedas nos preços, mesmo com a forte seca que tem atingido o país.

A deflação da alimentação no domicílio passou de 1,30% em agosto para 0,01% em setembro, com recuo nos preços da cebola (-21,88%), da batata-inglesa (-13,45%) e do tomate (-10,70%). Na outra ponta, mamão (30,02%), a banana-prata (7,29%) e o café moído (3,32%) tiveram alta.

'O resultado do IPCA-15 foi bastante positivo... por outro lado, o IPCA cheio de setembro deve apresentar uma piora de perfil devido à metodologia de cálculo que irá levar em consideração todo o período de vigência da bandeira vermelha (de energia), enquanto a inflação de alimentos dá sinais de piora mais intensa na margem', destacou André Valério, economista sênior do Inter.

No comunicado da decisão sobre a Selic, o BC piorou suas projeções de inflação em relação a julho, com estimativas passando de 4,2% para 4,3% em 2024 e de 3,6% para 3,7% em 2025 no cenário de referência.

Na terça-feira, o BC mostrou uma visão mais pessimista em relação à inflação, ao mesmo tempo em que ganharam força preocupações sobre a credibilidade dos números fiscais do governo, conforme ata da última reunião do Copom e declaração do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

A pesquisa Focus divulgada na segunda-feira pelo Banco Central junto ao mercado mostra que a expectativa é de que o IPCA encerre este ano com alta acumulada de 4,37%, com a Selic a 11,50%.

Escrito por Reuters

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