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Irã diz não a negociações nucleares enquanto durar conflito e ONU pede moderação

Irã diz não a negociações nucleares enquanto durar conflito e ONU pede moderação

Reuters

20/06/2025

Placeholder - loading - Ilustração com as bandeiras de Israel e do Irã 24/04/2024 REUTERS/Dado Ruvic
Ilustração com as bandeiras de Israel e do Irã 24/04/2024 REUTERS/Dado Ruvic

Por Parisa Hafezi e Crispian Balmer e Jana Choukeir

DUBAI/JERUSALÉM (Reuters) - O Irã disse nesta sexta-feira que não vai discutir o futuro de seu programa nuclear enquanto estiver sob ataque de Israel, ao mesmo tempo em que a Europa tentava persuadir Teerã a voltar às negociações e os Estados Unidos consideravam a possibilidade de se envolver no conflito.

Após uma semana de campanha, Israel disse ter atingido dezenas de alvos militares durante a noite, incluindo locais de produção de mísseis, um órgão de pesquisa que segundo os israelenses estaria envolvido no desenvolvimento de armas nucleares em Teerã, além de instalações militares no oeste e no centro do Irã.

Mais tarde, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) disseram ter atingido baterias de mísseis terra-ar no sudoeste do Irã, como parte dos esforços para alcançar a superioridade aérea sobre o país. Foram ouvidas explosões na província de Khuzestan, no sudoeste do Irã, e pelo menos quatro pessoas foram mortas, informou a agência de notícias IRNA.

Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas quando Israel atingiu um prédio de cinco andares em Teerã, que abrigava uma padaria e um salão de cabeleireiro, informou a agência de notícias Fars. As defesas aéreas iranianas foram ativadas na noite desta sexta-feira (horário local), informou a agência de notícias Fars.

O Irã disparou mísseis contra Beersheba, no sul de Israel, na madrugada desta sexta-feira, e contra Haifa, no norte, causando danos a uma mesquita da era otomana, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar. Um vídeo do Ministério das Relações Exteriores também mostrou danos extensos a um prédio alto próximo que abriga uma filial do Ministério do Interior de Israel.

Haifa também abriga o porto marítimo mais movimentado de Israel e uma base naval.

A agência de notícias Fars citou um porta-voz militar iraniano dizendo que os ataques de Teerã nesta sexta-feira usaram mísseis de longo alcance e ultrapesados contra instalações militares, indústrias de Defesa e centros de comando e controle.

Cerca de 20 mísseis foram disparados nos últimos ataques iranianos, disse uma autoridade militar israelense, e pelo menos duas pessoas ficaram feridas, de acordo com o serviço de ambulância israelense.

O enviado de Israel às Nações Unidas, Danny Danon, disse ao Conselho de Segurança da ONU que seu país não vai interromper seus ataques 'até que a ameaça nuclear do Irã seja desmantelada'.

O enviado do Irã à ONU, Amir Saeid Iravani, pediu uma ação do Conselho de Segurança e disse que Teerã estava alarmado com os relatos de que os EUA poderiam se juntar à guerra.

RISCOS NUCLEARES

O chefe do órgão de vigilância nuclear da ONU alertou contra ataques a instalações nucleares e pediu o máximo de contenção.

'Um ataque armado a instalações nucleares (...) poderia resultar em liberações radioativas com grandes consequências dentro e fora das fronteiras do Estado que foi atacado', disse Rafael Grossi, diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica, ao Conselho de Segurança.

Ele falou um dia após um oficial militar israelense dizer que tinha sido 'um erro' a declaração de um porta-voz militar de que Israel tinha atacado Bushehr, a única usina nuclear do Irã. Ele disse que não podia confirmar nem negar que Bushehr, de fabricação russa, localizada na costa do Golfo, havia sido atingida.

O Irã afirmou nesta sexta-feira que suas defesas aéreas foram ativadas em Bushehr, sem entrar em detalhes.

Israel diz que está determinado a destruir as capacidades nucleares do Irã, mas garante que quer evitar qualquer desastre nuclear.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também falando no Conselho de Segurança do órgão mundial, disse que o conflito Irã-Israel poderia 'acender um fogo que ninguém pode controlar' e pediu a todas as partes que 'dessem uma chance à paz'.

A Rússia e a China exigiram uma redução imediata da escalada. O presidente Vladimir Putin disse que a Rússia, que tem laços cordiais com o Irã e com Israel, estava compartilhando ideias não especificadas com os dois países sobre o fim do conflito e que acreditava que uma solução diplomática era possível.

A Casa Branca disse na quinta-feira que o presidente Donald Trump decidiria sobre o envolvimento dos EUA no conflito nas próximas duas semanas.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, disse que não há espaço para negociações com os EUA 'até que a agressão israelense pare'. Mais tarde, porém, ele chegou a Genebra para conversas com os ministros das Relações Exteriores europeus, nas quais a Europa espera estabelecer um caminho de volta à diplomacia sobre o programa nuclear do Irã.

Antes da reunião com a França, Reino Unido, Alemanha e o chefe de política externa da União Europeia, dois diplomatas disseram que Araqchi seria informado de que os EUA ainda estão abertos a conversações diretas. Mas as expectativas de um avanço são baixas, segundo os diplomatas.

ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO

Uma autoridade sênior iraniana disse à Reuters que o Irã está pronto para discutir as limitações do enriquecimento de urânio, mas qualquer proposta de enriquecimento zero será rejeitada, 'especialmente agora sob os ataques de Israel'.

Israel começou a atacar o Irã na última sexta-feira, dizendo que seu inimigo de longa data está prestes a desenvolver armas nucleares. O Irã, que afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos, retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel.

É amplamente aceito que Israel possui armas nucleares. O país não confirma nem nega o fato.

Os ataques aéreos israelenses mataram 639 pessoas no Irã, de acordo com a Human Rights Activists News Agency, uma organização de direitos humanos com sede nos EUA que acompanha o Irã. Entre os mortos estão integrantes do alto escalão das Forças Armadas e cientistas nucleares.

Em Israel, 24 civis foram mortos em ataques com mísseis iranianos, de acordo com as autoridades.

Autoridades ocidentais e regionais dizem que Israel está tentando destruir o governo do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.

Grupos de oposição iranianos acham que seu tempo pode estar próximo, mas ativistas envolvidos em protestos anteriores dizem que não estão dispostos a desencadear uma agitação em massa com sua nação sob ataque.

A mídia estatal iraniana relatou manifestações de 'solidariedade e resistência' em várias cidades.

(Reportagem de Alexander Cornwell, Parisa Hafezi e Trevor Hunnicutt)

Reuters

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