Israel amplia ofensiva em Gaza antes de votação do Conselho de Segurança da ONU sobre ajuda
Israel amplia ofensiva em Gaza antes de votação do Conselho de Segurança da ONU sobre ajuda
Reuters
22/12/2023
Por Nidal al-Mughrabi e Dan Williams
CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - As forças israelenses sinalizaram que estavam ampliando sua ofensiva terrestre com uma nova investida na região central da Faixa de Gaza nesta sexta-feira, quando se espera que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) vote uma resolução para aumentar a ajuda humanitária e evitar a ameaça de fome.
Com o enfraquecimento das esperanças de um avanço iminente nas negociações desta semana no Egito, que buscam fazer com que Israel e o grupo palestino Hamas concordem com uma nova trégua, foram relatados ataques aéreos, bombardeios de artilharia e combates em todo o enclave.
Nesta sexta-feira, os militares israelenses ordenaram que os moradores de Al-Bureij, no centro de Gaza, se mudem imediatamente para o sul, indicando um novo foco do ataque terrestre que já devastou o norte da região e fez uma série de incursões no sul.
O governo de Israel, sob o comando do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, tem prometido eliminar o Hamas, o grupo militante que governa Gaza, depois que seus combatentes lançaram um ataque no sul israelense em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo 240 reféns, de acordo com os registros israelenses.
Mas o crescente número de mortos durante a campanha militar israelense de retaliação tem atraído cada vez mais críticas internacionais, até mesmo do aliado Estados Unidos.
Em sua última atualização sobre as baixas, o Ministério da Saúde de Gaza informou que 20.057 palestinos foram mortos e 53.320 ficaram feridos nos ataques israelenses desde 7 de outubro.
Os militares israelenses têm lamentado as mortes de civis, mas culpado o Hamas, apoiado pelo Irã, por operar em áreas densamente povoadas ou usar civis como escudos humanos, uma alegação que o grupo nega.
Israel afirma que 140 de seus soldados foram mortos desde que lançou sua incursão terrestre em Gaza, em 20 de outubro.
CONVERSAS ENTRE ONU E EGITO
As negociações continuaram na quinta-feira para tentar evitar o veto dos EUA a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, redigida pelos Emirados Árabes Unidos, que exigiria que Israel e o Hamas permitissem 'o uso de todas as rotas terrestres, marítimas e aéreas em toda a Faixa de Gaza' para a entrega de ajuda humanitária.
Na noite de quinta-feira, após semanas de negociações e uma série de adiamentos, a votação do Conselho de Segurança foi adiada novamente para sexta-feira.
Uma pausa humanitária de 24 de novembro a 1º de dezembro ajudou a aumentar as entregas de ajuda a Gaza. Um relatório de um órgão apoiado pela ONU disse que toda a população de Gaza está enfrentando níveis críticos de fome. O risco de fome está aumentando a cada dia, segundo a Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar.
A pausa também levou à libertação de mais de 100 reféns mantidos pelo Hamas desde 7 de outubro e, em troca, 240 palestinos foram libertados de prisões israelenses.
Mas, em uma declaração na quinta-feira que diminuiu as esperanças de um avanço, o Hamas e a Jihad Islâmica, um grupo menor que também mantém reféns em Gaza, rejeitaram quaisquer acordos sobre trocas de reféns e prisioneiros palestinos 'exceto após a cessação total da agressão' por parte de Israel.
No entanto, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, esteve no Cairo para um segundo dia de negociações, que terminaram no final da quinta-feira. Embora os países mediadores, incluindo o Egito e o Catar, tenham se reunido separadamente com Israel, o Hamas e outros grupos, não houve detalhes sobre quem poderia estar envolvido com qualquer parte israelense.
Reuters