Israel busca controle permanente de Gaza e maioria judaica na Cisjordânia, diz relatório da ONU
Israel busca controle permanente de Gaza e maioria judaica na Cisjordânia, diz relatório da ONU
Reuters
23/09/2025
Por Olivia Le Poidevin
GENEBRA (Reuters) - O governo israelense demonstrou clara intenção de estabelecer um controle permanente sobre Gaza e garantir uma maioria judaica na Cisjordânia ocupada, disse relatório de uma comissão das Nações Unidas nesta terça-feira.
O relatório da ONU detalha a extensa e sistemática demolição da infraestrutura civil nos corredores e na zona tampão de Gaza pelas autoridades israelenses, o que resultou na expansão do controle de Israel para 75% da Faixa de Gaza até julho deste ano.
'As forças israelenses também alteraram intencionalmente a geografia de Gaza' por meio da criação de corredores militares, da expansão da zona tampão da fronteira e do estabelecimento de zonas de segurança, disse o relatório da Comissão de Inquérito da ONU sobre o Território Palestino Ocupado.
Israel afirma que sua guerra não é contra a população de Gaza, mas contra o grupo militante Hamas, cujos combatentes lideraram o ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, que precipitou a atual guerra.
A missão israelense em Genebra rejeitou as conclusões do relatório.
'O Hamas tem intenção genocida contra Israel, o relatório tem tudo ao contrário. Essa comissão não perde uma oportunidade de revelar seu verdadeiro caráter e sua agenda política.'
A comissão também constatou que, desde outubro de 2023, as políticas israelenses têm demonstrado clara intenção de deslocar palestinos à força, expandir assentamentos judaicos e anexar toda a Cisjordânia.
'O aumento dos ataques violentos por parte dos colonos resultou no deslocamento forçado de comunidades e na subsequente judaização de áreas da Cisjordânia', afirma o relatório.
Ele também destaca as operações militares nos campos de refugiados de Jenin, Tulkarem e Nur Shams, que levaram à destruição de casas e infraestrutura e ao deslocamento de residentes -- ações consideradas injustificadas pela comissão do ponto de vista militar e equivalentes a uma punição coletiva.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, disse anteriormente que a operação reduziu a ameaça de grupos palestinos armados.
O relatório cita Katz, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, como os principais responsáveis pelo que a comissão considerou crimes internacionais.
Eles não estavam imediatamente disponíveis para comentar.
Israel cita laços bíblicos e históricos com a Cisjordânia e contesta a opinião amplamente difundida de que seus assentamentos lá são ilegais.
DESTRUIÇÃO CALCULADA
O relatório, que deve ser apresentado à Assembleia Geral da ONU em outubro, constatou que, ao destruir a infraestrutura civil e transferir a população à força, autoridades israelenses infligiram deliberadamente condições de vida para destruir, no todo ou em parte, os palestinos em Gaza -- ato característico de genocídio.
As ações israelenses 'aprofundaram a miséria do povo palestino e o privaram de recursos indispensáveis para sua sobrevivência, incluindo a capacidade de produzir alimentos', disse Navi Pillay, chefe da comissão, em um comunicado.
Israel, que segue com sua operação terrestre na Cidade de Gaza, rejeitou veementemente o que descreveu como acusações escandalosas, feitas em um relatório anterior pela mesma comissão de inquérito em 16 de setembro, de que havia cometido genocídio em Gaza.
O ataque do Hamas em 7 de outubro matou 1.200 pessoas e seus combatentes capturaram 251 reféns, de acordo com os registros israelenses.
A guerra subsequente em Gaza matou mais de 65.000 pessoas, segundo autoridades de saúde locais. Um monitor global de fome afirma que parte do território enfrenta fome extrema.
(Reportagem de Olivia Le Poidevin)
Reuters

