Itália atingirá de forma gradual nova meta de gastos da Otan com defesa, diz primeira-ministra
Itália atingirá de forma gradual nova meta de gastos da Otan com defesa, diz primeira-ministra
Reuters
23/06/2025
Por Giuseppe Fonte
ROMA (Reuters) - A Itália cumprirá a nova meta de gastos da Otan em defesa e segurança, de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), disse nesta segunda-feira a primeira-ministra Giorgia Meloni, mas levará dez anos para fazer isso.
O país também defende mudanças nas regras orçamentárias da União Europeia para tornar o objetivo possível.
Espera-se que uma cúpula da Otan nesta semana pressione os membros da aliança a aumentar os gastos com defesa, de 2% para 3,5% do PIB, e a comprometer mais 1,5% em gastos mais amplos relacionados à segurança, atendendo à demanda do presidente dos EUA, Donald Trump, de uma meta geral de 5%.
Meloni disse que a Itália, altamente endividada, assegurou que cada país possa estipular o que constitui gasto em segurança, deixando alguma margem de manobra em uma questão controversa.
'Esses são compromissos importantes que a Itália pretende honrar. Não deixaremos nosso país fraco e incapaz de se defender', disse Meloni aos parlamentares antes das cúpulas da Otan e da UE, agendadas para 24 e 25 de junho e 26 e 27 de junho, respectivamente.
Meloni disse que a Itália atingirá a antiga meta de gastos com defesa da Otan, de 2% do PIB, neste ano, acrescentando que teria dez anos, até 2035, para aumentá-la em mais 1,5 ponto percentual.
Pressionada a elevar o orçamento de defesa da Itália e, ao mesmo tempo, minimizar qualquer impacto sobre suas finanças públicas sobrecarregadas, Meloni disse que havia garantido que nenhum aumento mínimo de gastos anuais seria necessário.
'Quanto aos gastos de 1,5% do PIB com segurança, conseguimos que os Estados-membros definissem o que consideram uma ameaça à segurança de seus cidadãos e quais ferramentas devem implementar para lidar com essa ameaça e, consequentemente, quais gastos devem ser feitos', acrescentou a primeira-ministra italiana.
Meloni, no entanto, disse que as autoridades da União Europeia deveriam revisar as regras orçamentárias do bloco para torná-las consistentes com o aumento dos gastos de defesa acordado com os aliados da Otan, ecoando comentários do ministro da Economia, Giancarlo Giorgetti, na semana passada.
Bruxelas propôs permitir que os estados-membros aumentem os gastos com defesa em 1,5% do PIB a cada ano, durante quatro anos, sem quaisquer medidas disciplinares que normalmente seriam aplicadas quando o déficit ultrapassasse 3% do PIB.
A Itália, cujo déficit no ano passado foi de 3,4% do PIB, está relutante em usar a cláusula de flexibilidade da UE, porque isso manteria Roma sob um processo de infração aberto pelo bloco no ano passado.
'Acreditamos que não há necessidade de ativar a cláusula da UE, pelo menos para o orçamento de 2026', disse Meloni.
A Itália, que prometeu reduzir seu déficit para 3,3% do PIB este ano e para 2,8% em 2026, também está cautelosa com qualquer medida que possa prejudicar sua reputação nos mercados financeiros, disseram autoridades do governo.
(Reportagem de Giuseppe Fonte)
Reuters