Líder indígena acusa garimpeiros ilegais de usarem crianças como escudo no Peru
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LIMA (Reuters) - O líder de uma comunidade indígena do Peru denunciou nesta segunda-feira que garimpeiros ilegais estão usando crianças como 'escudos humanos' para proteger atividades ilícitas na Amazônia, onde a extração de ouro contamina um rio vital para os moradores locais.
Teófilo Kukush, presidente da comunidade Wampís, localizada nas regiões do Amazonas e de Loreto, na fronteira com o Equador, disse que vai pedir ao governo peruano que declare situação de emergência na área para permitir que os mineradores ilegais sejam expulsos.
'Eles estão usando crianças entre cinco e 10 anos como escudo humano quando há interdições contra os mineradores ilegais', disse Kukush, à rádio local, RPP.
O Peru produziu 108 milhões de gramas de ouro fino em 2024, um aumento de 6,9% em relação ao ano anterior, e quase a metade é fornecida por pequenos mineradores, segundo dados oficiais. O governo tem 85.000 registros de mineradores artesanais, a maioria em regiões pobres e remotas, mas apenas 20% desses mineradores foram formalizados desde 2012, quando o programa foi criado.
O restante opera com licenças suspensas em áreas que pertencem a empresas formais ou ilegalmente, em meio a denúncias de conflitos e ataques a minas que mataram pelo menos 30 pessoas nos últimos dois anos.
O líder indígena, que chegou a Lima no fim de semana, disse que espera se reunir com o representante do governo na comissão para o 'Combate da Mineração Ilegal' e denunciar que os garimpeiros ilegais estão usando mercúrio para obter ouro do leito do rio Santiago, na Amazônia.
'Realizam suas atividades durante o dia e, à noite, poluem os peixes e a água do rio que nós bebemos. A emergência para que sejam expulsos é urgente', disse, acrescentando que já foram feitas ameaças de morte dos garimpeiros ilegais.
(Reportagem de Marco Aquino)
Escrito por Reuters
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