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Lula diz na ONU que soberania do Brasil é inegociável e critica medidas unilaterais contra país

Lula diz na ONU que soberania do Brasil é inegociável e critica medidas unilaterais contra país

Reuters

23/09/2025

Placeholder - loading - Presidente Lula em discurso na ONU  23/9/2025   REUTERS/Shannon Stapleton
Presidente Lula em discurso na ONU 23/9/2025 REUTERS/Shannon Stapleton

Atualizada em  23/09/2025

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Em um discurso contundente feito na abertura da Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a tribuna para dizer que a soberania brasileira é inegociável e criticar ataques ao Judiciário e medidas unilaterais impostas ao país, em um recado ao governo dos Estados Unidos.

Os comentários de Lula ecoaram suas críticas constantes ao presidente dos EUA, Donald Trump, por impor tarifas, restrições de visto e sanções financeiras ao Brasil em resposta ao julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por planejar um golpe após perder a eleição de 2022.

'Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há quarenta anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais', disse Lula.

'Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável', acrescentou o presidente, em recado aos Estados Unidos.

Em mais um recado ao governo norte-americano, que acusa o Brasil de 'caça às bruxas' a Bolsonaro, Lula afirmou que o julgamento foi minucioso e com amplo processo de defesa.

'Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela', afirmou.

De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, já estava previsto que os ataques dos EUA seriam parte do discurso do presidente, mas os detalhes foram deixados em aberto até a véspera para modular o tom.

O anúncio das novas sanções, incluindo a aplicação da Lei Magnitsky à esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes e a suspensão do visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, e auxiliares de Moraes, reforçou a necessidade de uma resposta dura.

'Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra', disse o presidente logo no início de seu discurso.

Ao terminar sua fala, o presidente deixou a plenária, mas voltou para ouvir a fala de Trump logo a seguir. Ao deixar o local, cruzou com o presidente norte-americano e, segundo uma fonte, os dois pararam alguns segundos para uma conversa breve.

O fato foi mencionado por Trump em seu discurso, quando, pela primeira vez, afirmou que o presidente brasileiro seria uma pessoa 'agradável' e que gostou de Lula. Disse ainda que haverá um encontro entre os dois na próxima semana. O governo brasileiro confirmou que existe uma possibilidade de conversa entre ambos.

Essa foi a primeira vez que Lula e Trump se encontraram pessoalmente. Ambos estiveram no velório do papa Francisco, mas não chegaram a se cruzar. Em outra oportunidade, na reunião do G7, no Canadá, Trump terminou indo embora antes de Lula chegar.

Em entrevista à Reuters em agosto Lula disse que não considerava uma conversa com o norte-americano, nem por telefone, porque não iria 'se humilhar' já que Trump não queria conversar.

MULTILATERALISMO

Lula ainda aproveitou o seu discurso para defender o multilateralismo e a necessidade de um mundo plural. Destacou a aliança do Brasil com os demais países do Brics, e a União Europeia, países asiáticos e G20, e cobrou que a voz do 'sul global' seja ouvida.

'Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia. O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades', discursou. 'Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas.'

Reuters

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