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Maersk faz testes com etanol em combustível marítimo antes de negociar com usinas no Brasil

Maersk faz testes com etanol em combustível marítimo antes de negociar com usinas no Brasil

Reuters

20/10/2025

Placeholder - loading - A Crane unloads a container off the Maribo Maersk container ship at a terminal wharf in Bremerhaven, Germany, August 13, 2025. REUTERS/Leon Kuegeler
A Crane unloads a container off the Maribo Maersk container ship at a terminal wharf in Bremerhaven, Germany, August 13, 2025. REUTERS/Leon Kuegeler

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A dinamarquesa A.P. Moller - Maersk, uma das maiores transportadoras marítimas de contêineres do mundo, afirmou nesta segunda-feira que está em processo de testes de uma mistura de etanol brasileiro com metanol e diesel marítimo ('bunker') para os motores de suas embarcações, visando descarbonizar suas operações.

A depender dos resultados dos testes, que incluem o uso de 10% de etanol no combustível marítimo, a empresa deverá iniciar negociações comerciais com grandes produtoras do biocombustível no Brasil, como Raízen, Copersucar, Inpasa, FS e Atvos, disse o VP de Políticas Regulatórias da Maersk Latam, Danilo Veras, a jornalistas.

Considerando os grandes volumes de combustíveis consumidos pelas embarcações, as negociações deverão versar sobre a capacidade de as companhias ofertarem o etanol de forma sustentável, disse Veras, ponderando que o biocombustível brasileiro se mostra com elevado potencial de descarbonizar.

'É a primeira vez que se queima etanol em motor de dois tempos que tem quatro andares de tamanho, é outra escala de pesquisa, outro nível de preocupação...', afirmou o executivo da Maersk, referindo-se ao tamanho do motor dos grandes navios.

A busca pela descarbonização é uma questão chave para o setor de transporte marítimo, que responde sozinho por cerca de 3% de todas as emissões de gases do efeito estufa (GEE) do planeta.

De outro lado, o movimento tem potencial para abrir um mercado enorme para a indústria de etanol. Uma mistura de 10% no combustível de todo o segmento marítimo no mundo poderia demandar, por hipótese, 50 bilhões de litros, um volume que supera com folga a produção brasileira, que deve girar em torno de 35 bilhões de litros em 2025.

Veras evitou afirmar quando a companhia poderia adotar uma mistura de etanol no combustível de suas embarcações. Mas pontuou que a escala de aumento da demanda pelo biocombustível e seus impactos são questões analisadas.

'Quando você dá um salto em escala é preciso estar muito certo de que este salto é sustentável', afirmou ele, ao lado de executivos da Raízen, Copersucar, Inpasa, FS e Atvos.

A Maersk, que representa 15% do mercado mundial de transporte marítimo, tem meta de ter emissões líquidas zero até 2040, alcançando um equilíbrio entre a quantidade de GEE emitida e o volume removido da atmosfera, e os testes para usar biocombustíveis são um dos caminhos nesta direção.

DEMANDA É CHAVE

Ele explicou que, embora o etanol brasileiro seja produzido em áreas de cana-de-açúcar consolidadas, sem impacto relevante para desmatamento, ou fabricado em regiões onde se produz o milho na segunda safra, o que reduz a pegada de carbono, as empresas fornecedoras precisarão comprovar que todo o processo é ambientalmente sustentável. O uso de biomassa para movimentar as caldeiras das usinas também é outro fator favorável ao etanol brasileiro, acrescentou.

'Parte das discussões comerciais é a discussão sobre sustentabilidade', declarou, ressaltando que a companhia não admite que o processo possa causar devastação ambiental. 'Estamos felizes até o momento porque está caminhando com dados de boa qualidade.'

O VP de Novos Negócios da Atvos, Caio Dafico, um dos executivos de empresas produtoras de etanol presentes no anúncio, afirmou que o Brasil tem condições de 'quadruplicar' a produção de etanol de forma sustentável, desde que receba uma sinalização de demanda.

'Acho que isso chama a atenção da Maersk... o Brasil tem condição muito específica e singular de conseguir quadruplicar a produção de combustível barato nos próximos anos havendo a demanda...', disse ele, citando a ampla disponibilidade de terras de pastagens degradadas que poderiam ser convertidas em lavouras.

As discussões com as empresas produtoras de etanol começariam tão logo os testes com a mistura de etanol em 'bunker' terminarem.

Os testes da mistura de etanol em navios movidos a metanol devem terminar em 23 de outubro, antes de a companhia realizar os mesmos procedimentos com 'bunker'.

A adoção da mistura de biocombustível, contudo, tem desafios de infraestrutura portuária no Brasil, e a companhia avalia se exportaria o biocombustível para realizar a mescla no exterior, em um primeiro momento.

Em nota nesta segunda-feira, o vice-presidente sênior e head de Transição Energética da Maersk, Morten Bo Christiansen, disse que as empresas apoiam os trabalhos adicionais da Organização Marítima Internacional (IMO) para examinar a compatibilidade de segurança do etanol com a tecnologia de motores marítimos, após o órgão adiar, na sexta-feira, as discussões sobre o tema.

(Por Roberto Samora)

Reuters

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