Manifestantes senegaleses entram em confronto com a polícia por causa de adiamento das eleições
Publicada em
Por Ngouda Dione e Cooper Inveen
DACAR (Reuters) - Forças de segurança senegalesas entraram em confronto nesta sexta-feira com centenas de manifestantes que são contrários ao adiamento da eleição presidencial, enquanto a ministra da Justiça rejeitou acusações de que a mudança de data é uma tentativa do governo de se manter no poder.
Menos de três semanas antes da eleição, marcada para o dia 25 de fevereiro, o Parlamento aprovou o adiamento do pleito para dezembro, selando a extensão do mandato do presidente, Macky Sall, algo que alimentou temores de que uma das democracias remanescentes da África Ocidental — região marcada por golpes de Estado — esteja sob ameaça.
Na capital do país, Dacar, a polícia usou gás lacrimogêneo, granadas de atordoamento e o que pareciam ser balas de borracha contra manifestantes que queimaram pneus e atiravam pedras, nos atos mais emblemáticos até agora em protesto contra o adiamento, informou um repórter da Reuters.
Alguns manifestantes usavam bandeiras senegalesas, enquanto outros gritavam palavras de ordem como “Macky Sall é um ditador”.
O presidente, que já atingiu o limite constitucional de dois mandatos, afirmou que adiou o pleito devido a uma disputa sobre a lista de candidatos, o que poderia minar a credibilidade do processo eleitoral.
Alguns críticos o acusam de tentar se agarrar ao poder. O bloco da África Ocidental e potências mundiais criticaram a medida, classificando-a de um cisma na tradição democrática senegalesa.
“Senegal talvez nunca tenha experimentado uma crise como a que estamos vivenciando, e precisamos superá-la”, afirmou a ministra da Justiça, Aissata Tall Sall. “Precisamos acalmar nossos espíritos.”
Ela alega que o adiamento não é decisão do presidente, mas do Parlamento, e que recursos protocolados na Corte Constitucional estão fora de sua jurisdição.
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO