Médicos de Gaza amontoam bebês em incubadoras conforme falta de combustível ameaça hospitais
Médicos de Gaza amontoam bebês em incubadoras conforme falta de combustível ameaça hospitais
Reuters
10/07/2025
Por Ali Sawafta e Mahmoud Issa e Hussam El Masri
GAZA (Reuters) - Médicos do maior hospital de Gaza afirmam que a escassez de combustível os levou a colocar vários bebês prematuros em incubadoras individuais, enquanto lutam para manter os recém-nascidos vivos conforme Israel prossegue com sua campanha militar.
Médicos sobrecarregados afirmam que a diminuição do suprimento de combustível ameaça mergulhá-los na escuridão e paralisar hospitais e clínicas no território palestino, onde serviços de saúde foram prejudicados durante 21 meses de guerra.
Uma autoridade militar israelense disse que cerca de 160.000 litros de combustível destinados a hospitais e outras instalações humanitárias entraram em Gaza desde quarta-feira, mas que sua distribuição no enclave não estava sob a alçada de Israel.
Enquanto o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discutia o destino de reféns israelenses em Gaza com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington, nesta semana, pacientes do centro médico Al Shifa, na Cidade de Gaza, enfrentavam perigo iminente, segundo os médicos do local.
'Somos forçados a colocar quatro, cinco ou, às vezes, três bebês prematuros em uma única incubadora', disse o Dr. Mohammed Abu Selmia, diretor do Al Shifa.
'Os bebês prematuros estão agora em uma condição muito crítica.'
A ameaça não vem 'nem de um ataque aéreo nem de um míssil, mas de um cerco que sufoca a entrada de combustível', disse à Reuters o Dr. Muneer Alboursh, diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza.
A escassez está 'privando essas pessoas vulneráveis de seu direito básico ao atendimento médico, transformando o hospital em um cemitério silencioso', disse ele.
A autoridade militar israelense disse que tais representações estavam criando 'uma narrativa falsa'. Órgãos da ONU que trabalham em Gaza decidem como distribuir combustível e ele não sabia se o combustível já havia chegado a Al Shifa, disse ele.
Gaza, uma pequena faixa de terra com uma população de mais de 2 milhões de habitantes, estava sob um longo bloqueio mantido por Israel antes do início da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas.
Foram registrados mais de 600 ataques a instalações de saúde desde o início do conflito, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sem atribuir culpa. A OMS descreveu o setor de saúde em Gaza como estando 'de joelhos', com escassez de combustível, suprimentos médicos e chegada frequente de vítimas em massa.
Apenas metade dos 36 hospitais gerais de Gaza está funcionando parcialmente, de acordo com a agência da ONU.
Há cerca de 100 bebês prematuros nos hospitais da Cidade de Gaza cujas vidas correm sério risco, disse Abu Selmia. Antes da guerra, havia 110 incubadoras no norte de Gaza, em comparação com cerca de 40 atualmente, afirmou Abu Selmia.
Reuters