Membro 'hawkish' do BC do Japão coloca mercado em alerta para aumento 'decisivo' dos juros
Membro 'hawkish' do BC do Japão coloca mercado em alerta para aumento 'decisivo' dos juros
Reuters
25/06/2025
Por Leika Kihara
FUKUSHIMA (Reuters) - O Banco do Japão pode precisar aumentar a taxa de juros 'de forma decisiva' para lidar com os riscos de inflação, mesmo se as incertezas sobre as tarifas dos Estados Unidos persistirem, disse um membro 'hawkish' (agressivo contra a inflação) da diretoria, destacando a atenção para as pressões dos preços.
Naoki Tamura disse que a inflação está acelerando e se movendo mais rápido do que o ritmo que ele havia projetado na reunião anterior, em 1º de maio, acrescentando que as empresas podem começar a repassar os custos de mão de obra de forma mais significativa, aumentando os preços dos serviços.
'Se os riscos de aumento da inflação crescerem, o Banco do Japão pode precisar agir de forma decisiva como guardião da estabilidade de preços', disse Tamura em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira.
Embora as tarifas dos EUA pesem sobre a economia e os preços do Japão por enquanto, é provável que a inflação ao consumidor fique em torno de 2% até o ano fiscal de 2027, disse ele em um discurso mais cedo para líderes empresariais em Fukushima.
'Há uma boa possibilidade de que nossa meta de estabilidade de preços seja atingida antes do esperado', disse ele.
Os comentários são mais 'hawkish' do que os do presidente do banco central, Kazuo Ueda, que tem enfatizado a necessidade de pausar as altas de juros devido à incerteza 'extremamente alta' em torno da política comercial dos EUA.
Nas previsões atuais feitas em maio, o Banco do Japão espera que a inflação subjacente fique estagnada por algum tempo, antes de voltar a acelerar para níveis compatíveis com sua meta de preços na segunda metade de seu período de projeção de três anos até o ano fiscal de 2027.
Tamura disse que as previsões devem ser vistas como provisórias e suscetíveis a grandes revisões, dependendo da evolução da política tarifária dos EUA.
As tarifas dos EUA podem desacelerar, mas não inviabilizar, a recuperação econômica do Japão, pois atingem principalmente o setor industrial, que representa apenas cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB), disse ele.
Mas Tamura forneceu poucas pistas sobre quando exatamente o Banco do Japão poderia elevar os juros, dizendo que a decisão dependerá em grande parte da evolução da política tarifária dos EUA e do impacto sobre a economia.
'Precisamos de um pouco mais de informações para avaliar se a inflação subjacente atingiu 2%', disse Tamura na coletiva de imprensa.
'Não tenho nenhuma ideia pré-definida. Pode ser cedo ou pode demorar um pouco', disse ele quando questionado sobre a chance de outro aumento da taxa neste ano.
O Banco do Japão encerrou um programa de estímulo maciço que durou uma década no ano passado e, em janeiro, elevou os juros de curto prazo para 0,5%, considerando que o Japão estava prestes a atingir sua meta de inflação de 2% de forma duradoura.
Embora o banco central japonês tenha sinalizado que está pronto para aumentar ainda mais os juros, o impacto econômico das tarifas mais altas dos EUA forçou-o a cortar suas previsões de crescimento e complicou as decisões sobre o momento do próximo aumento.
Reuters