MILEY CYRUS DIZ NÃO À ESTRADA

A recentemente anunciada decisão da Miley Cyrus de não querer excursionar, somada a preocupações com sua saúde vocal e à reação negativa de muitos fãs, ecoa uma realidade que já afetou outros grandes nomes da música ao longo das décadas.

Entenda o caso Miley Cyrus — e recorde artistas consagrados que, por diversas razões, optaram por se afastar das turnês, muitas vezes contrariando as expectativas da indústria e do próprio público.

A declaração de Miley e a repercussão entre os fãs

Em entrevista recente no programa de TV “Good Morning America”, Miley Cyrus afirmou de forma direta que não sente mais desejo de fazer turnês tradicionais, explicando que o formato a afasta de sua zona de bem-estar e a expõe emocionalmente. A artista também já havia mencionado, em outro momento, problemas vocais crônicos como fator decisivo para preservar sua saúde.

Além disso, o conteúdo de grande audiência revelou muito mais do que sua recente decisão de não fazer turnês.

Principais revelações da entrevista

1. Sobriedade como pilar emocional

Miley explicou que manter a sobriedade é essencial para sua saúde e bem-estar, mas que a vida de turnê dificulta isso: “É muito difícil manter a sobriedade quando você está na estrada”.

2. Pressão emocional do palco

Ela falou sobre o ciclo de euforia e depressão: “Você sente tanto amor dos milhares de fãs... e depois vem o crash”, gerando dependência de validação.

3. Falta de estrutura que acolha o artista

Miley apontou que não há suporte suficiente para artistas ao vivo hoje: “Não acho que exista uma infraestrutura que apoie os artistas”.

4. Não é medo — é escolha consciente

Ela esclareceu que não se trata de medo ou incapacidade. Com destaque para sua performance ao lado de Beyoncé, Miley disse:

“Não é medo; é uma escolha consciente para preservar meu bem-estar emocional”

Por que esse depoimento faz diferença

Esta entrevista evidencia uma nova visão de saúde mental, sobriedade e bem-estar musical. Ao recusar a turnê, Miley soma-se a artistas como Adele, Frank Ocean, Sade e outros citados previamente — que priorizam integridade pessoal acima da lógica de mercado. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo:

A reação foi imediata: enquanto parte dos fãs defendeu a escolha e elogiou a sinceridade da cantora, muitos demonstraram frustração nas redes sociais — especialmente aqueles que aguardavam seu retorno aos palcos após o álbum Endless Summer Vacation. Mas Miley não está sozinha nessa decisão — e tampouco é a primeira.

De Bowie a Sade: quem também escolheu o silêncio

Ao longo da história, outros artistas consagrados também optaram por não seguir a cartilha das turnês incessantes. Seja por esgotamento, saúde, filosofia de vida ou estratégia artística, esses nomes provaram que ausência também pode ser expressão.

• David Bowie — Após o fim da Reality Tour em 2004, Bowie decidiu não voltar mais aos palcos. Discreto e seletivo, ele evitou shows nos últimos anos de vida, preferindo se expressar por meio do estúdio e do silêncio.
• Kate Bush — Após uma única turnê em 1979, a artista só voltou aos palcos em 2014 com a residência Before the Dawn. Seu perfeccionismo e desejo de controle artístico a mantiveram longe da estrada por quase 40 anos.
• Barbra Streisand — Conhecida por sua aversão ao palco ao vivo, Streisand enfrentou medo crônico de se apresentar após um incidente nos anos 60. Só retomou turnês em formatos altamente controlados, décadas depois.
• Frank Ocean — Um dos artistas mais cultuados da geração atual, Ocean evita turnês convencionais, prioriza lançamentos esporádicos e raramente aparece ao vivo — o que só alimenta sua aura de mistério e culto.
• Sade Adu — Talvez o exemplo mais simbólico. Desde 1984, a vocalista do grupo Sade lançou apenas seis álbuns e fez pouquíssimas turnês. Sua última grande série de shows foi entre 2011 e 2012. A artista valoriza o silêncio, o tempo e a privacidade como parte de sua identidade artística.

Saúde mental, voz e um novo modelo de carreira

Se antes a ausência dos palcos era vista como um gesto anticomercial, hoje esse discurso ganha outro peso. A discussão sobre saúde mental, sobrecarga emocional, limites físicos e liberdade criativa se tornou central em uma indústria cada vez mais acelerada e exigente.

Miley Cyrus, ao recusar a lógica do “show business” tradicional, parece seguir essa nova geração de artistas que estão redefinindo o que é sucesso, presença e conexão com os fãs.

Afinal, é possível estar presente sem estar em turnê?

Com redes sociais, transmissões ao vivo, residências fixas e experiências digitais, muitos artistas estão repensando o modelo tradicional de turnê como única forma de se manterem ativos. Miley não está sozinha — e talvez esteja, como muitos dos artistas citados, apenas à frente do seu tempo.