Motta diz que não há 'compromisso' do Congresso em aprovar alternativas ao IOF apresentadas pelo governo
Motta diz que não há 'compromisso' do Congresso em aprovar alternativas ao IOF apresentadas pelo governo
Reuters
09/06/2025
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta segunda-feira que o Congresso não tem o 'compromisso' de aprovar a medida provisória que o governo pretende editar nos próximos dias com iniciativas de arrecadação alternativas ao aumento da taxação do IOF, ressaltando que o Executivo não apresentou até o momento propostas fiscais estruturantes.
'Não há (por parte) do Congresso o compromisso de aprovar essas medidas que vem na medida provisória. Ela será enviada, apenas, para que do ponto de vista contábil não se tenha que aumentar o contingenciamento, que está em R$ 30 bilhões. Se tirarmos o decreto do IOF, (o bloqueio orçamentário) seria de R$ 50 bilhões', disse ele, em evento do jornal Valor Econômico.
A fala de Motta ocorre um dia após ele, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e líderes partidários da base aliada se reunirem com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que anunciou iniciativas para 'recalibrar' o decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no mês passado.
Segundo o presidente da Câmara, a reunião da véspera foi proveitosa, embora tenha se falado 'pouco sobre o debate estrutural' das contas públicas.
Motta citou que o governo anunciou a intenção de elevar a taxação das bets e fintechs, e de passar a taxar títulos atualmente isentos, como LCIs e LCAs.
O presidente da Câmara afirmou também que o governo admitiu que deve abrir um debate sobre o corte nas isenções fiscais, medida que não viria por medida provisória, mas sim por projeto de lei complementar ou por proposta de emenda à Constituição.
Motta ressaltou que as medidas anunciadas pelo governo estão olhando apenas para o lado da arrecadação, mas que é preciso enfrentar o debate da revisão dos gastos públicos. Ele sugeriu votar a discutir a reforma administrativa e a desvinculação de algumas receitas.
'Há um esgotamento no país sobre essas medidas, este é um sentimento da grande maioria das pessoas', afirmou ele, ao ressaltar o crescimento das despesas obrigatórias nos últimos anos.
O presidente da Câmara disse que, independentemente de quem venha a ser eleito no pleito presidencial do próximo ano, o país está caminhando para uma 'situação de ingovernabilidade' e que o próximo governo terá de fazer um 'choque' nas despesas.
(Reportagem de Ricardo Brito)
Reuters