Na China, estilista repensa lingerie para mulheres que passaram por cirurgia de câncer de mama
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Por Nicoco Chan
PEQUIM (Reuters) - Emily Yu, uma estilista de lingerie que vive há muito tempo em Pequim, dedicou cerca de cinco anos ao desenvolvimento de sutiãs e próteses para mulheres que passaram por mastectomia, esperando que seus produtos as ajudem a recuperar a confiança.
A fundadora da Ginger Ah, a primeira marca de lingerie da China a desenvolver sutiãs e seios artificiais, diz que as mulheres têm dificuldade de se adaptar confortavelmente às roupas após a cirurgia.
Uma prótese típica se desloca em um sutiã e às vezes sai, disse Yu, acrescentando que os seios artificiais feitos de silicone também são pesados e podem irritar a pele.
Yu patenteou uma prótese de espuma que vem em três tamanhos e duas cores e se encaixa nos bolsos dos sutiãs da empresa.
Outras considerações de design incluem alças de sutiã que podem ser ajustadas pela frente, já que as mulheres pós-mastectomia podem sofrer restrições no movimento dos braços.
Tornar os designs atraentes também foi fundamental.
'Outra coisa que as sobreviventes do câncer de mama querem são roupas íntimas bonitas, elas não querem as feias que existem no mercado... que são simples, com apenas um orifício para uma prótese', disse Yu.
Mais de 350.000 mulheres na China são diagnosticadas com câncer de mama anualmente.
Abordada por um cirurgião em 2019 que buscava opções confortáveis para pacientes com câncer de mama, Yu ficou impressionada com a lacuna no mercado. A questão se tornou pessoal quando a melhor amiga de Yu foi diagnosticada com câncer de mama pouco tempo depois.
A amiga se tornou a primeira testadora de produtos da Ginger Ah e os primeiros produtos da empresa chegaram ao mercado em 2021.
Desde o lançamento, a Ginger Ah já vendeu mais de 12.500 sutiãs.
Gigantes globais de lingerie, como Cosabella e Victoria's Secret, também começaram a oferecer sutiãs pós-mastectomia nos últimos anos.
Yu se lembra da primeira vez que fez uma prova em sua casa em Pequim, uma mulher a abraçou e depois começou a chorar.
'Só mais tarde fiquei sabendo que, para pacientes com câncer de mama, é difícil abraçar pela frente porque elas se sentem inseguras', disse Yu.
'Espero que um dia cada uma delas tenha a coragem e o conforto para abraçar de frente. Nesse momento, acho que teremos realmente tido sucesso.'
Escrito por Reuters
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