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No flanco oriental da Otan, bunkers e redes antidrones são instalados para proteger redes de energia

No flanco oriental da Otan, bunkers e redes antidrones são instalados para proteger redes de energia

Reuters

29/09/2025

Placeholder - loading - Funcionários perto de blocos de concreto instalados em subestação de energia em Nemencine, na Lituânia 29/09/2025 REUTERS/Janis Laizans
Funcionários perto de blocos de concreto instalados em subestação de energia em Nemencine, na Lituânia 29/09/2025 REUTERS/Janis Laizans

Por Andrius Sytas e Marek Strzelecki

SUBESTAÇÃO DE NERIS, Lituânia (Reuters) - Quatro países da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia que fazem fronteira com a Rússia planejam construir bunkers de concreto e redes antidrones em instalações vitais de energia, em um plano para proteger suas redes de energia após incursões de drones russos.

As violações do espaço aéreo polonês por drones russos neste mês e vários avistamentos de drones, incluindo um que forçou o fechamento do Aeroporto de Copenhague por várias horas, levantaram preocupações sobre as defesas da Otan em seu flanco oriental.

As violações do espaço aéreo também aumentaram as preocupações sobre a vulnerabilidade das instalações de energia na área, e Polônia, Lituânia, Estônia e Letônia elaboraram um plano para proteger suas redes de energia, que agora são tratadas como uma questão de urgência.

Em entrevistas à Reuters, os operadores de rede poloneses e lituanos forneceram detalhes do plano que não haviam sido divulgados anteriormente, incluindo a construção de bunkers para abrigar subestações ou partes importantes de subestações, o uso de redes antidrone para cobrir infraestruturas críticas e o estoque de componentes difíceis de substituir.

'Depois dos incidentes em Copenhague e em outros lugares, há uma consciência crescente de que a infraestrutura de energia está particularmente exposta', disse à Reuters Grzegorz Onichimowski, presidente-executivo da operadora de rede elétrica polonesa PSE.

'Isso (as violações dos drones russos) não é algo que poderia potencialmente acontecer, mas algo que já está acontecendo'.

Dias depois que os drones russos foram abatidos no espaço aéreo polonês por jatos da Otan em 9 e 10 de setembro, a Polônia e os três Estados bálticos apresentaram o plano de segurança da rede elétrica de 382 milhões de euros (US$447 milhões) à UE e pediram que ela financiasse metade do valor.

O plano estava sendo elaborado desde março, mas tornou-se mais urgente após as violações do espaço aéreo, disseram autoridades lituanas e polonesas.

'Esperamos que a União Europeia, que investiu muito dinheiro, 1,2 bilhão de euros, na preparação de nossas redes para cortar os laços com a Rússia, agora garanta adequadamente seu próprio investimento', disse à Reuters o ministro da Energia da Lituânia, Zygimantas Vaiciunas.

Os três Estados bálticos concluíram a troca da rede elétrica da Rússia pelo sistema da UE em fevereiro, rompendo os laços da era soviética após a suspeita de sabotagem de vários cabos e dutos submarinos.

LIÇÕES TIRADAS DA GUERRA NA UCRÂNIA

O plano de segurança da rede -- sobre o qual as operadoras de rede da Estônia e da Letônia não quiseram comentar -- tira lições da Ucrânia, cuja rede de energia tem sofrido bombardeios contínuos desde a invasão russa em 2022.

Grande parte do foco será no chamado Suwalki Gap, uma área pouco povoada do território polonês entre Belarus e o enclave russo de Kaliningrado. A tomada do Gap pela Rússia isolaria os Estados bálticos do resto da Otan.

A Lituânia instalou nesta segunda-feira uma proteção de concreto antidrone na subestação de Neris, que fornece energia para a capital Vilnius e fica a 20km da fronteira com Belarus. Os blocos de concreto serão testados posteriormente com explosivos disparados contra eles em um campo de testes militares.

Ainda este ano, a Lituânia planeja começar a produzir e montar bunkers para cobrir partes importantes de muitas de suas subestações, como transformadores e salas de controle, que seriam difíceis de substituir.

'Estamos planejando instalá-los na maioria de nossas subestações... toda a Lituânia sente a proximidade (da Rússia e de Belarus)', disse Rokas Masiulis, presidente-executivo da operadora de rede lituana Litgrid. 'Há também segurança cibernética, eletrônica e outros tipos de segurança.'

O plano é feito sob medida para proteger partes vitais da rede elétrica e não toda ela, pois equipar todas as subestações com sistemas antidrone seria muito caro.

A operadora de rede elétrica da Ucrânia está aconselhando a Lituânia sobre o uso de blocos de concreto e redes antidrone, além de outras formas de proteger a infraestrutura, disse Masiulis.

A Lituânia pretende gastar 150 milhões de euros em segurança de rede, quase o dobro do valor estabelecido no plano apresentado à UE, disse um porta-voz da Litgrid.

'Acreditamos que nossos projetos serão copiados em outros países e que poderemos mostrar aos outros o que pode ser feito', disse Masiulis.

A PSE da Polônia, por sua vez, quer sua própria unidade de segurança armada e helicópteros para ajudar a proteger a ligação com a Lituânia através do Suwalki Gap, disseram autoridades da empresa.

(Reportagem de Andrius Sytas, em Vilnius e na subestação de Neris, perto de Nemencine, na Lituânia, e de Marek Strzelecki, em Varsóvia)

Reuters

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