Novo pacote de sanções da UE contra Rússia é adiado em meio à pressão de Trump
Novo pacote de sanções da UE contra Rússia é adiado em meio à pressão de Trump
Reuters
16/09/2025
Por Jan Strupczewski e Julia Payne
BRUXELAS (Reuters) - A Comissão Europeia adiará a apresentação de seu próximo pacote de sanções à Rússia, disseram autoridades da UE nesta terça-feira, enquanto o bloco tenta responder à exigência do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que desempenhe um papel mais forte na privação das receitas russas com venda de energia.
Esperava-se que a Comissão apresentasse uma 19ª rodada de sanções aos enviados dos 27 Estados membros da UE na quarta-feira, que, segundo diplomatas, provavelmente incluiria bancos russos, a 'frota sombra' de petroleiros que evita sanções de Moscou e listas para impedir que outros países contornem as sanções da UE e dos EUA.
Duas autoridades da UE confirmaram o adiamento, relatado pela primeira vez pelo Politico, mas não disseram por que o cronograma havia caído. Não foi definida uma nova data para a apresentação do pacote.
Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, pressionou a UE a agir rapidamente.
'O 19º pacote de sanções da UE deve ser adotado sem demora -- e todas as medidas fortes devem permanecer intactas', escreveu ele no X.
TRUMP PRESSIONA
Os EUA intensificaram a pressão sobre a Europa para que desempenhe um papel mais robusto para ajudar a acabar com a guerra da Rússia na Ucrânia, com um acordo de paz aparentemente elusivo, apesar das repetidas ameaças de penalidades mais severas contra Moscou e seus parceiros.
Trump disse à UE que ela deveria impor tarifas severas à Índia e à China, os maiores compradores do petróleo russo, e parar de importar a energia russa, como parte de uma estratégia para pressionar a economia de guerra da Rússia.
Um porta-voz da Comissão Europeia disse aos repórteres que 'as discussões estão em andamento para que se tenha um pacote sólido (de sanções)'.
A UE já pretende encerrar as compras de petróleo e gás russos até 1º de janeiro de 2028 -- uma meta que, segundo ela, é ambiciosa e garantiria que os países da UE não enfrentassem picos de preços de energia ou escassez de suprimentos nesse meio tempo.
Mas Washington quer que o bloco seja mais rápido.
Em relação às tarifas comerciais, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que o governo Trump não imporia taxas adicionais sobre os produtos chineses para interromper as compras de petróleo russo pela China, a menos que os países da UE primeiro atingissem a China e a Índia com suas próprias taxas punitivas.
As autoridades europeias disseram que é altamente improvável que o bloco faça isso. A UE trata as tarifas comerciais de forma diferente das sanções e só as impõe após uma investigação para estabelecer uma justificativa legal dentro das leis comerciais do bloco.
'É uma proposta desafiadora (de Trump)', disse um diplomata da UE à Reuters. 'Mesmo que suas solicitações sejam deliberadamente excessivas, isso ainda nos obriga a chegar a um acordo com elas de alguma forma, a fim de evitar que ele transfira a culpa para a UE.'
Os ministros das Finanças do Grupo dos Sete países discutiram novas sanções à Rússia na última sexta-feira. Mais cedo naquele dia, Trump disse que sua paciência com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, estava se esgotando, mas não chegou a ameaçar com novas sanções.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, disse que Kiev apoia todos os esforços para privar a máquina de guerra russa de recursos.
'Elas podem e devem ser medidas coordenadas de ambos os lados do Atlântico', disse ele no X.
(Reportagem de Jan Strupczewski e Julia Payne)
Reuters