ONU diz que Taliban deteve jornalistas mais de 250 vezes no Afeganistão desde que tomou poder
ONU diz que Taliban deteve jornalistas mais de 250 vezes no Afeganistão desde que tomou poder
Reuters
26/11/2024
Atualizada em 26/11/2024
(Reuters) - A missão da ONU no Afeganistão disse nesta terça-feira que o Taliban, que governa o país, deteve arbitrariamente jornalistas por 256 vezes desde que assumiu o poder há três anos e pediu que as autoridades nacionais protejam a imprensa.
Em uma resposta que acompanha o relatório, o Ministério das Relações Exteriores, liderado pelo Taliban, negou ter prendido esse número de jornalistas e acrescentou que os que foram detidos haviam cometido um crime.
Os jornalistas no Afeganistão trabalhavam sob 'condições desafiadoras', segundo a missão da ONU (Unama) e o Gabinete de Direitos Humanos da ONU em um comunicado.
'Eles geralmente enfrentam regras pouco claras sobre o que podem e o que não podem reportar, correndo o risco de intimidação e detenção arbitrária pelo que é percebido como crítica', disse Roza Otunbayeva, representante especial do secretário-geral António Guterres.
'Pedimos às autoridades de fato que garantam a segurança e a proteção de todos os jornalistas e trabalhadores da mídia no exercício de suas funções e que reconheçam plenamente a importância das mulheres que trabalham na mídia', acrescentou.
Em sua resposta, o ministério disse que as mulheres continuam trabalhando na mídia, sujeitas a certas condições para atender às regras de moralidade religiosa, como cobrir o rosto e trabalhar separadamente dos homens.
Descreveu o relatório da ONU como estando 'longe da realidade atual' e disse que as forças de segurança estavam trabalhando para proteger os jornalistas. O Ministério da Informação do Afeganistão não respondeu a um pedido de comentário em um primeiro momento.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que o número de prisões foi 'exagerado' e que as detenções ocorreram de acordo com a lei.
'Ninguém é preso arbitrariamente', disse, listando as infrações cometidas pelos detidos.
Elas variam desde encorajar as pessoas a agir contra o sistema, difamar o governo e fornecer reportagens falsas e sem fundamento, até a cooperação com os inimigos do sistema na mídia e o fornecimento de material para veículos de mídia contra o sistema, acrescentou.
O Taliban chegou ao poder em 2021 com a retirada das forças estrangeiras, prometendo restaurar a segurança e impor sua interpretação rigorosa da lei islâmica.
Sua administração não foi oficialmente reconhecida por nenhum governo estrangeiro e diplomatas ocidentais disseram que o caminho para o reconhecimento está sendo abalado por restrições impostas pelo Taliban às mulheres.
(Reportagem da Reuters)
Reuters