ONU pede que países deixem política de lado ao buscar US$140 mi para vítimas de terremoto no Afeganistão
ONU pede que países deixem política de lado ao buscar US$140 mi para vítimas de terremoto no Afeganistão
Reuters
09/09/2025
Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - As Nações Unidas disseram nesta terça-feira que estão buscando US$139,6 milhões para ajudar meio milhão de pessoas afetadas pelos terremotos que atingiram o leste do Afeganistão, e pediram aos doadores que deixem de lado quaisquer reservas sobre as autoridades do Taliban.
O pior terremoto dos últimos anos no Afeganistão, que ocorreu na noite de 31 de agosto para 1º de setembro, matou mais de 2.200 pessoas e foi seguido por uma série de fortes tremores secundários. Os terremotos deixaram dezenas de milhares de pessoas desabrigadas, e alguns temem novos deslizamentos de terra.
As temperaturas mais frias que devem chegar em algumas semanas significarão condições mais difíceis para os sobreviventes em áreas montanhosas remotas, disse Indrika Ratwatte, coordenador humanitário da ONU para o Afeganistão.
'Este é um momento em que a comunidade internacional deve se aprofundar e demonstrar solidariedade com uma população que já passou por tanto sofrimento', declarou ele em uma coletiva de imprensa em Genebra.
'Neste momento, vidas estão em jogo. Mais duas ou três semanas e as temperaturas do inverno estarão atingindo essas comunidades de alta altitude', acrescentou.
A ONU considera que a crise humanitária do Afeganistão está entre as piores do mundo, mas o financiamento caiu 35% desde o ano passado devido aos cortes dos principais doadores, incluindo os Estados Unidos. Os cortes paralisaram um helicóptero que teria facilitado o acesso a vilarejos remotos, disse Ratwatte.
Questionado sobre os motivos da perda de financiamento, Ratwatte atribuiu a culpa a várias crises concorrentes, mas também fez alusão à relutância de muitos doadores em fornecer ajuda ao governo Taliban no Afeganistão por causa de suas políticas em relação às mulheres.
'Alguns governos têm reservas por causa das políticas das autoridades de fato', disse ele, referindo-se ao Taliban. 'Nosso apelo sempre foi para que nos concentrássemos nas pessoas.'
Ratwatte afirmou que os EUA ainda não haviam liberado fundos para ajuda humanitária após o terremoto.
A Organização Mundial da Saúde solicitou às autoridades do Taliban que suspendam as restrições impostas às trabalhadoras humanitárias afegãs e permitam que elas viajem sem a presença de guardiões do sexo masculino.
A inclusão de trabalhadoras humanitárias nas equipes da ONU continua sendo um 'desafio', disse Ratwatte.
'Nosso esforço é tentar ter pelo menos uma trabalhadora em cada equipe. No momento, isso não é possível para todas as equipes, mas estamos trabalhando para isso.'
Reuters