Padrão venezuelano de prisões de parentes de membros da oposição visa criar medo, diz ONU
Padrão venezuelano de prisões de parentes de membros da oposição visa criar medo, diz ONU
Reuters
19/09/2025
(Reuters) - A Venezuela prende familiares de figuras da oposição em um 'padrão sustentado e sistemático' para gerar medo e controle social, disse uma missão de investigação das Nações Unidas em um relatório que será publicado em breve.
O relatório, visto pela Reuters na sexta-feira, deve ser apresentado em uma sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU na próxima semana. Ele se baseia em pesquisas realizadas de setembro de 2024 a agosto deste ano.
A oposição do país sul-americano e os órgãos internacionais de direitos humanos denunciaram uma crescente repressão às figuras da oposição desde a eleição presidencial de julho de 2024.
A oposição publicou os resultados das urnas mostrando uma vitória retumbante de seu candidato, mas o governo do presidente Nicolás Maduro e a Suprema Corte disseram que Maduro ganhou um terceiro mandato.
Nem o Ministério das Comunicações nem o gabinete do procurador-geral responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
O governo de Maduro já havia dito anteriormente que a missão de apuração de fatos da ONU é um mecanismo de agressão e insistiu que a Venezuela é uma democracia regida por leis.
As prisões de parentes de 'pessoas da oposição ou percebidas como tal (...) não se limitam a ações individuais, mas respondem a uma política de repressão orientada para a criação de medo e controle social', disse o relatório.
Os familiares são detidos como represália contra políticos da oposição ou como forma de exercer pressão, segundo o relatório, e as prisões têm sérios impactos sobre as unidades familiares e reforçam um clima de medo.
Entre as pessoas citadas no relatório está Rafael Tudares, genro do ex-candidato presidencial da oposição Edmundo González, que foi detido em janeiro enquanto levava seus filhos pequenos para a escola. Sua família diz não ter recebido nenhuma informação sobre ele desde então.
Os parentes nos casos investigados pela ONU não tiveram acesso a um advogado de sua escolha e, em vez disso, receberam defensores públicos, segundo o relatório.
(Reportagem da Reuters)
Reuters

