PF desmonta esquema de fraude fundiária em terras da União em Rondônia para plantio de soja
PF desmonta esquema de fraude fundiária em terras da União em Rondônia para plantio de soja
Reuters
03/10/2024
Atualizada em 03/10/2024
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal conseguiu o bloqueio judicial de 82 milhões de reais e de uma área pública de 9 mil hectares que foi alvo de grilagem para plantio de soja em Rondônia, como parte de uma operação deflagrada nesta quinta-feira para desarticular um esquema de fraude fundiária, informou a corporação.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Thiago Scarpellini, as investigações constataram que a Agropecuária Masutti adquiriu de forma ilegal glebas públicas federais, com o uso de laranjas para inserir dados fraudulentos em órgãos com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Procurada, a Agropecuária Masutti não respondeu de imediato a pedido de comentário por email.
Os documentos falsos eram emitidos com a ajuda de servidores do Incra, o que permitia o cadastro irregular das áreas e a emissão de Certificados de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), segundo a PF.
A fraude fundiária, ressaltou o delegado em entrevista à Reuters, alcançou uma área de 9 mil hectares no município de Candeias do Jamari, distante cerca de 25 quilômetros a leste da capital Porto Velho.
'Os processos administrativos que foram citados pelo grupo ao titular (a área pública) foram verificados junto ao Incra, e esses processos eram inexistentes ou não tinham correlação com as pessoas que estavam sendo beneficiadas', afirmou Scarpellini.
O delegado disse que o bloqueio dos 82 milhões de reais decretado pela Justiça em valores da empresa e dos sócios refere-se ao período em que o grupo ficou de posse das áreas plantando soja por cinco anos com o arrendamento de áreas usurpadas da União.
Foi determinado ainda o bloqueio judicial da área pública grilada, avaliada em perícia no valor de 143 milhões de reais, segundo a PF.
O esquema de fraudes na regularização de terras públicas federais ocorreu entre 2017 e 2019 e já foi alvo de operação anterior da corporação.
A PF identificou 11 lotes fraudados nas glebas Baixo Candeias e Igarapé Três Casas, além das ocupações irregulares das Fazendas Ipê e Mustang.
Os envolvidos, que foram alvos de 11 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Velho, Vilhena e Guajará-Mirim, vão responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, invasão de terras públicas, associação criminosa, falsidade ideológica e estelionato majorado.
As investigações vão continuar com o objetivo de identificar outros participantes, verificar se houve pagamentos que poderiam caracterizar corrupção e recuperar as áreas indevidamente apropriadas, segundo a PF.
(Edição de Pedro Fonseca)
Reuters