PGR vai ao STF para reverter decisão de Fachin contra compartilhamento de dados da Lava Jato
PGR vai ao STF para reverter decisão de Fachin contra compartilhamento de dados da Lava Jato
Reuters
07/08/2020
BRASÍLIA (Reuters) - A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou nesta sexta-feira com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão do ministro da corte Edson Fachin que barrou o compartilhamento de informações das três forças-tarefas da operação Lava Jato com a instituição de cúpula do Ministério Público Federal (MPF).
O recurso foi apresentado pelo vice-procurador-geral, Humberto Jacques, que tem atuado nessas questões por delegação do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Na segunda-feira, Fachin havia atendido a pedido apresentado pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, que contestava o acesso à PGR franqueado pelo presidente do STF, Dias Toffoli, durante o recesso forense.
No recurso, Jacques pediu que Fachin reconsidere a sua decisão ou, se não for o caso, que leve o recurso para análise de outros colegas, seja pela Segunda Turma ou pelo plenário do STF -- a escolha depende do relator.
Entre os argumentos, o vice-procurador alegou que as forças-tarefas não são órgãos que atuam à margem do sistema do MPF. 'Daí se extrai a conclusão de que as forças-tarefas funcionando no âmbito do Ministério Público Federal em feitos que tratam de fatos comuns a mais de uma instância do Poder Judiciário não podem ser compreendidas como órgãos estanques à margem da institucionalidade ministerial, una e indivisível', disse.
O recurso da PGR é mais um capítulo da forte tensão entre Aras e a força-tarefa da Lava Jato. Em videoconferência na semana passada, sem apresentar provas, o procurador-geral insinuou que a Lava Jato de Curitiba manteria informações fora do sistema do MPF e afirmou que não se pode haver “caixas de segredos”.
Os procuradores do grupo de Curitiba, contudo, rebateram o procurador-geral em nota. “A ilação de que há ‘caixas de segredos’ no trabalho dos procuradores da República é falsa, assim como a alegação de que haveria milhares de documentos ocultos”, disseram.
(Reportagem de Ricardo Brito; Edição de Pedro Fonseca)
Reuters