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PIB do Brasil supera expectativas no 1º tri com melhor desempenho do agro desde 1996

PIB do Brasil supera expectativas no 1º tri com melhor desempenho do agro desde 1996

Reuters

01/06/2023

Placeholder - loading - Colheita de soja em fazenda de Ponta Grossa, no Paraná 25/04/2023 REUTERS/Rodolfo Buhrer
Colheita de soja em fazenda de Ponta Grossa, no Paraná 25/04/2023 REUTERS/Rodolfo Buhrer

Atualizada em  01/06/2023

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A economia brasileira voltou a crescer no primeiro trimestre deste ano e superou as expectativas com o melhor resultado para a atividade desde o final de 2020, refletindo o desempenho mais forte do setor agrícola em quase três décadas.

A performance melhor do que o esperado de alguns setores da economia no início deste ano, incluindo a de serviços, se deu a despeito da política monetária restritiva, mas a expectativa de economistas é que o impacto dos juros altos pese com mais intensidade à frente, contendo o crescimento no ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no primeiro trimestre na comparação com os três meses anteriores, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Isso representa uma forte retomada depois de a economia ter contraído 0,1% nos três últimos meses de 2022, em dado revisado pelo IBGE de retração de 0,2% informada antes.

O resultado da atividade econômica ainda ficou acima da expectativa em pesquisa de Reuters de um avanço de 1,3%, marcando o nível mais elevado desde o quarto trimestre de 2020.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, o PIB teve expansão de 4,0%, ante expectativa de 3,0% nessa base de comparação.

'O PIB está 6,4% acima do pré-pandemia. Dos grandes setores, agro e serviços se encontram no maior patamar da série iniciada em 1996. Pela ótica da produção, apenas a indústria não atingiu esse pico e segue sendo o do fim de 2013', afirmou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Na semana passada, o governo melhorou a projeção oficial para o desempenho da atividade econômica neste ano, passando a prever um crescimento de 1,91%, e o Ministério da Fazenda avaliou nesta quinta que o resultado do PIB elevou o viés positivo para essa projeção.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em uma rede social que os resultados 'comprovam que nosso país já está melhorando'. 'E vamos seguir trabalhando para distribuir esse crescimento com o povo brasileiro', disse.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, previu que o PIB poderá crescer até 2,3% este ano. A mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostra que a expectativa do mercado é de uma expansão de 1,26% do PIB este ano, mas economistas passaram a revisar para cima suas projeções nesta quinta-feira, após os dados do IBGE, com várias instituições vendo crescimento de mais de 2%.

SAFRAS RECORDES

O principal motor da economia no primeiro trimestre deste ano foi a agropecuária, com safras recordes que acabam tendo impactos positivos, ainda que pontuais, em outros setores que se relacionam à agropecuária, como indústria e serviços.

O setor, que tem peso de aproximadamente 8% da economia do país, registrou no primeiro trimestre um crescimento de 21,6% sobre os três meses anteriores, o melhor resultado desde o quarto trimestre de 1996.

“Problemas climáticos impactaram negativamente a agropecuária ano passado e esse ano estamos com previsão de safra recorde de soja, que representa aproximadamente 70% da lavoura no trimestre, com crescimento de mais de 24% de produção', disse Palis. 'Tem esse efeito recorde e a comparação com o quarto trimestre também favorece.'

No entanto, esses efeitos positivos da agropecuária devem ficar restritos ao período da safra, com Palis ressaltando que a safra da soja é concentrada no primeiro semestre do ano.

SERVIÇOS

Ainda sob a ótica da produção, os serviços, que têm o maior peso no indicador, também se destacaram neste início de ano, com expansão de 0,6% no primeiro trimestre sobre os últimos três meses de 2022.

Segundo o IBGE, esse resultado foi puxado, principalmente, pelas altas nos setores de transportes e atividades financeiras, ambos com crescimento de 1,2%.

Por outro lado a indústria recuou 0,1%, marcando o segundo trimestre seguido no vermelho.

Sob a perspectiva da demanda, as despesas das famílias aumentaram 0,2% e as do governo cresceram 0,3%. Mas a Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimento, teve queda de 3,4%, no segundo resultado trimestral negativo e o mais intenso desde o segundo trimestre de 2021.

'Os mais afetados no PIB foram impactados pela política monetária restritiva e oferta de crédito', disse Palis, destacando tanto o consumo das famílias quanto as indústrias de transformação e construção.

Em relação ao setor externo, houve contribuição positiva já que as exportações de bens e serviços recuaram 0,4%, enquanto as importações despencaram 7,1%, também marcando o segundo trimestre de retração, a mais forte desde o terceiro trimestre de 2020.

'O detalhamento dos dados sugere que a economia não está tão forte quanto a alta de 1,9% sugere. Ainda assim, o forte aumento nos levou a revisar para cima nossa estimativa de crescimento do PIB para este anos a 2,3% (1,0% antes)', afirmou em nota o economista chefe de mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson.

O ritmo do PIB no primeiro trimestre soma-se a uma desinflação em curso no país para compor o quebra-cabeças diante do Banco Central na condução da política monetária, foco de intensas críticas do governo.

A avaliação de analistas, no entanto, é de que a economia deve sentir ainda ao longo do ano os impactos do encarecimento dos custos de empréstimo, com setores industriais ligados ao crédito mais fortemente atingidos e endividamento elevado no país, além de uma desaceleração global.

'Para o restante do ano, a expectativa é de uma maior estabilidade do PIB, sentindo os efeitos do aperto monetário do Banco Central, a dissipação dos efeitos do agro, que são mais concentrados no primeiro trimestre, e o cenário externo de menor crescimento', avaliou Rafael Perez, economista da Suno.

Por outro lado, novas medidas de transferência de renda pelo governo, como aumento do salário mínimo e do Bolsa Família e reajuste dos salários dos servidores, além de um mercado de trabalho ainda aquecido, devem fornecer algum fôlego, ajudando a evitar uma desaceleração mais intensa do PIB.

(Reportagem adicional de Luana Maria Benedito)

Reuters

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