Powell reitera que Fed aguardará mais dados antes de reduzir os juros
Powell reitera que Fed aguardará mais dados antes de reduzir os juros
Reuters
01/07/2025
Atualizada em 01/07/2025
SINTRA, Portugal (Reuters) - O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou que o banco central norte-americano planeja 'esperar e saber mais' sobre o impacto das tarifas sobre a inflação antes de reduzir a taxa de juros, ignorando novamente as exigências do presidente Donald Trump de cortes imediatos e profundos nos juros.
'Estamos simplesmente dando um tempo', disse Powell em uma reunião de bancos centrais em Portugal, um dia depois de Trump ter enviado a ele uma carta escrita à mão observando o nível de redução dos juros por outros bancos centrais e sugerindo que os EUA precisam agir.
'Enquanto a economia dos EUA estiver sólida, acreditamos que a coisa prudente a fazer é esperar, saber mais e ver quais serão esses efeitos.'
Questionado sobre os ataques de Trump, o comentário de Powell de que o Fed estava '100%' focado em sua meta de inflação e de emprego arrancou aplausos do público em uma conferência do Banco Central Europeu e dos pares de Powell que se juntaram a ele no palco para um painel de discussão.
A independência de bancos centrais em relação ao lobby de autoridades eleitas, pelo menos na definição da taxa de juros, é considerada fundamental para manter a inflação sob controle.
Ao mesmo tempo, Powell observou que a maioria das autoridades do Fed, em projeções recentes, ainda espera reduzir a taxa de juros neste ano, e nenhuma das quatro reuniões restantes do banco central em 2025 está fora de cogitação.
A próxima reunião do Fed será nos dias 29 e 30 de julho.
'Isso dependerá dos dados, e estamos nos preparando para cada reunião', disse Powell. 'Eu não tiraria nenhuma reunião da mesa nem a colocaria diretamente sobre a mesa. Vai depender da evolução dos dados.'
O Fed receberá dados de emprego referentes ao mês de junho na quinta-feira, e os economistas esperam uma desaceleração no crescimento do emprego. Novos dados de inflação serão divulgados em algumas semanas, enquanto 9 de julho é o prazo para a possível imposição de tarifas globais mais altas pelos EUA.
A reação dos mercados aos comentários de Powell ilustrou o próprio dilema que o Fed está enfrentando ao ponderar uma intensa combinação de riscos geopolíticos e dados conflitantes.
Operadores aumentaram a probabilidade de um corte nos juros em julho para 25%, depois que Powell não descartou explicitamente essa possibilidade, e depois reduziram as chances para perto de 20%, após dados sobre vagas de emprego em aberto nos EUA mais fortes do que o esperado.
(Reportagem de Howard Schneider)
Reuters