PREFEITURA DE SÃO PAULO MANTÉM AÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE PARQUE NO TERRENO DO JOCKEY
PROJETO URBANÍSTICO SEGUE EM DEBATE APÓS ANULAÇÃO DA PROIBIÇÃO DAS CORRIDAS; OUTRAS ALTERNATIVAS SÃO AVALIADAS
João Carlos
29/05/2025
A Prefeitura de São Paulo continua atuando para concretizar a criação de um parque público no terreno atualmente ocupado pelo Jockey Club, na zona oeste da capital. Com mais de 600 mil metros quadrados, o espaço é considerado estratégico para ampliar o acesso da população a áreas verdes, lazer e cultura. A proposta vem ganhando força especialmente após anos de decadência da estrutura atual, marcada por dívidas milionárias, pouca atividade pública e denúncias de abandono.
Um espaço nobre com uso restrito e dívida bilionária
Localizado às margens do Rio Pinheiros, na Avenida Lineu de Paula Machado, o Jockey Club é hoje uma área de alto valor imobiliário, mas com uso extremamente limitado à maioria dos cidadãos. Avaliado em R$ 1,1 bilhão para fins de IPTU, o terreno acumula uma dívida de R$ 829 milhões com a Prefeitura, referente a impostos como IPTU e ISS.
O local, que já foi sinônimo de glamour e eventos sociais da elite paulistana, enfrenta baixa frequência de público, estrutura envelhecida e infraestrutura deficiente. A realidade atual não corresponde ao potencial que a área poderia oferecer caso fosse transformada em parque municipal aberto ao público.
População poderia ganhar um novo “Ibirapuera” na zona oeste
A transformação do espaço em parque público municipal é prevista desde 2023 na revisão do Plano Diretor Estratégico da cidade. Se aprovado, o projeto representaria um ganho coletivo imenso, oferecendo à população da zona oeste e de toda a cidade um espaço semelhante ao Parque Ibirapuera, com potencial para lazer, prática esportiva, eventos culturais e até convívio comunitário.
Segundo defensores do projeto, a função social do terreno não está sendo cumprida, o que justifica sua desapropriação por interesse público. A Prefeitura estuda a emissão de um decreto de Declaração de Utilidade Pública (DUP), passo legal necessário para iniciar o processo de retomada do espaço.
Conflito judicial e polêmica na Câmara
O debate sobre o futuro do Jockey ganhou novos contornos com a proibição das corridas de cavalos com apostas, aprovada em 2023 e posteriormente anulada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Ainda assim, a administração municipal segue determinada a reconfigurar o espaço urbano e considera, segundo reportagens, a possibilidade de manter o turfe, desde que seja viável conciliá-lo com a gestão de um parque público por meio de concessão privada.
Audiências públicas sobre o tema têm sido marcadas por tensão entre funcionários do Jockey, vereadores e representantes de moradores. De um lado, entidades como a Associação Vizinhos do Jockey denunciam o abandono do espaço e defendem a criação do parque. De outro, grupos como a Sociedade Amigos da Cidade Jardim apontam riscos à preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade.
Desapropriação do Jockey Club para criação de parque municipal é debatida em Audiência Pública

A desapropriação da área do Jockey Club de São Paulo, no Morumbi – zona oeste da capital –, para transformação em parque municipal, foi tema de uma Audiência Pública promovida em 22 de maio pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente (CPUMMA) da Câmara Municipal de São Paulo. O debate, proposto pelo presidente do colegiado, vereador Rubinho Nunes (UNIÃO), é visto como uma estratégia da base governista na Câmara para viabilizar a criação de um parque municipal nos 600 mil metros quadrados da área, conforme prevê o Plano Diretor.
Durante a audiência, o vereador João Jorge (MDB) defendeu o PL 505/2025, de sua autoria em coautoria com o vereador Fábio Riva (MDB), que autoriza o Poder Executivo a declarar a área de utilidade pública para fins de desapropriação. Segundo ele, a medida atende à crescente demanda da população por parques urbanos e considera a baixa frequência de público e os mais de R$ 800 milhões em dívidas tributárias do Jockey como justificativas. A proposta também tem apoio do Executivo municipal, que analisa um decreto de Declaração de Utilidade Pública (DUP) – documento que abre caminho jurídico para a desapropriação. Após a aprovação da DUP, seriam iniciadas as tratativas judiciais, embora não haja prazo definido para essa aprovação.
Revitalização urbana com impacto ambiental e social
A eventual criação de um parque aberto à população também se alinha a princípios de sustentabilidade urbana e requalificação ambiental, já que o terreno fica junto ao Rio Pinheiros — área estratégica em políticas de despoluição e melhoria da qualidade de vida.
Além disso, uma nova área verde pode:
- Reduzir ilhas de calor na região
- Ampliar acesso ao lazer gratuito
- Estimular a prática de atividades físicas ao ar livre
- Valorizar imóveis no entorno
- Aumentar o fluxo de turismo cultural e ecológico na cidade
Qual será o futuro do Jockey Club?
Enquanto a Prefeitura defende a desapropriação e planeja os próximos passos legais, o Jockey Club se posiciona contra, alegando que os débitos tributários ainda estão em disputa judicial e propondo alternativas como um parque privado de interesse público, bancado por empresas parceiras. A proposta, no entanto, não agrada parte da sociedade civil, que vê risco de exclusão social e interesses comerciais ocultos por trás da ideia.
Em meio a esse impasse, uma coisa é certa: São Paulo precisa de mais áreas verdes acessíveis, e a requalificação do Jockey Club como parque urbano pode ser uma oportunidade histórica de repensar o uso do solo urbano, democratizar o espaço público e resgatar o potencial de uma área hoje esquecida.