Prefeitura nega especulação imobiliária no caso de desapropriação do Jockey Club de SP
Audiência pública debateu a criação de um parque no local
Redação
23/05/2025
A Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo realizou nesta quinta-feira (22) uma audiência pública para discutir o projeto de desapropriação do Jockey Club de São Paulo para a criação de um parque público.
O primeiro a falar foi o vereador João Jorge (MDB), coautor do PL 505/2025, que autoriza o Poder Executivo a declarar de utilidade pública o terreno de mais de 600 mil m2 localizado na Avenida Lineu de Paula Machado, 1.263, no Distrito Morumbi.
Ele defendeu o uso democrático do espaço, destacando que se encontra próximo a estações de trem e metrô, com acesso a ciclovias: “São Paulo é hoje uma cidade ávida por parques”. Para João Jorge, o hipódromo perdeu o glamour do passado, com uma queda drástica no número de sócios e funcionários. O vereador ainda se posicionou contra a exploração imobiliária e a favor da preservação de empregos por meio do aproveitamento de profissionais para a criação de um centro de equoterapia no local. O método terapêutico utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, buscando o desenvolvimento de pessoas com deficiência e necessidades especiais.
A chefe de gabinete da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, Tamires Oliveira, afirmou que trata-se de uma Zona Especial de Proteção Ambiental (ZEPAM), que permite apenas 10% de área construída e não comportaria empreendimentos imobiliários. “Aqui, especulação imobiliária não”, disse Luiz Fernando Machado, secretário executivo de Desestatização e Parcerias de São Paulo, um dos representantes da Prefeitura na audiência.
O vice-presidente do Jockey Club, Vicente Renato Paolillo, explicou que o acesso do público já é livre e ponderou que a capital paulista tem demandas mais urgentes em áreas como segurança, habitação e saúde. Paolillo também contestou a dívida que o Município atribui ao clube pelo não pagamento de R$ 500 milhões de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e R$ 300 milhões de ISS (Imposto sobre Serviço): “Não há liquidez de certeza nesses débitos anunciados de 800 milhões”.
"O valor venal do imóvel, para efeito de cálculo de lançamento do IPTU, está avaliado em R$ 1.112.917,00. Ora, estão falando agora em desapropriar o Jockey por R$ 95 milhões. Que incongruência é essa?”, questionou o ex-governador de Goiás e conselheiro do Jockey Club, Marconi Perillo. Ele, que afirmou que o hipódromo conta com mais de 2 mil colaboradores diretos e indiretos, propôs a criação de um parque privado de interesse público, em parceria com empresas parceiras.
A vereadora Marina Bragante (Rede Sustentabilidade) se manifestou favorável à criação de um parque municipal no local, que considera subutilizado atualmente. Ela, no entanto, exigiu transparência no cálculo da dívida do clube e a garantia de que, se desapropriado, o terreno será transformado em um parque.
Sociedade civil
O diretor-conselheiro da Associação Vizinhos do Jockey, Marco Fabio Cataldi, participou da audiência e apoiou o projeto da Prefeitura. “Como representante de parte da comunidade do entorno, afirmamos que a atual situação do Jockey Club é de abandono e descaso. Trata-se de uma área extensa, situada em região nobre, de grande valor urbanístico, que deixa de cumprir sua função social enquanto permanece praticamente fechada. A criação de um parque municipal não apenas traria benefícios ambientais, de segurança, mas atenderia uma demanda urgente por espaços públicos de lazer, esporte e convivência na zona oeste de São Paulo”, pediu.
Em contrapartida, Solange Melendez, diretora-executiva da Sociedade Amigos da Cidade Jardim, defendeu a manutenção do Jockey Club. Para ela, o hipódromo é um patrimônio artístico e cultural, inclusive pelos bens tombados: “É uma questão de preservar a nossa memória, não só a história da cidade de São Paulo, mas do bairro Cidade Jardim”.
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