Premiê da Itália critica sites que visam mulheres em meio a protestos sobre abuso online
Premiê da Itália critica sites que visam mulheres em meio a protestos sobre abuso online
Reuters
29/08/2025
MILÃO (Reuters) - A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, expressou indignação na sexta-feira com um site adulto que publicou fotos não autorizadas de mulheres, inclusive da premiê, em meio a um clamor nacional sobre misoginia e abuso online.
Os administradores do site phica.eu, cujo nome é uma brincadeira com uma gíria italiana vulgar para a genitália feminina, tiraram-no do ar na quinta-feira, após uma condenação generalizada e reclamações legais.
'Estou enojada com o que aconteceu e quero expressar minha solidariedade a todas as mulheres que foram ofendidas, insultadas e violadas em sua intimidade pelos administradores desse fórum e seus 'usuários'', disse Meloni ao jornal Corriere della Sera.
O site estava em funcionamento desde 2005 e tinha mais de 200.000 membros registrados, mas foi submetido a um intenso escrutínio político e da mídia nesta semana, após outro caso altamente divulgado de abuso misógino online.
Neste mês, o Facebook retirou do ar o grupo Mia Moglie ('Minha esposa'), no qual os usuários compartilhavam fotos íntimas de mulheres sem o consentimento delas, após uma onda de reclamações públicas iniciadas pela autora e ativista Carolina Capria.
O grupo tinha mais de 32.000 membros.
Ao anunciar o fechamento, um porta-voz da empresa controladora do Facebook, Meta, disse que o grupo violava a política da empresa de mídia social contra a exploração sexual de adultos.
'É desanimador ver que, em 2025, ainda há quem considere normal e legítimo pisotear a dignidade de uma mulher e torná-la objeto de insultos sexistas e vulgares, escondendo-se atrás do anonimato ou de um teclado', disse Meloni, de 48 anos.
No cargo desde 2022, ela é a primeira mulher primeira-ministra da Itália.
Atendendo aos apelos de defensores dos direitos das mulheres e parlamentares, a ministra da Igualdade, Eugenia Roccella, disse que o governo estava trabalhando em proteções online mais fortes e reformas culturais para combater a misoginia e o sexismo.
O site phica.eu hospedava milhares de imagens e vídeos manipulados de figuras públicas femininas, muitas vezes acompanhados de comentários obscenos e violentos. Ele também apresentava fotos de mulheres comuns, classificadas por localização geográfica.
Seus administradores disseram em uma mensagem que estavam fechando o fórum 'com grande pesar' devido a 'comportamentos tóxicos' que haviam 'prejudicado o espírito original'.
Além de Meloni, o site publicou imagens da líder da oposição Elly Schlein, da influenciadora Chiara Ferragni e da parlamentar da UE Alessandra Moretti, que entrou com uma queixa criminal e disse que esses sites 'incitam o estupro e a violência'.
(Reportagem de Elvira Pollina)
Reuters