Presidente do Banco Mundial mostra incerteza sobre contribuição dos EUA a fundo de países pobres
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Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, disse nesta quarta-feira que teve discussões construtivas com o governo Trump sobre o banco de desenvolvimento, mas acrescentou que não sabe quanto os Estados Unidos contribuirão para o fundo da instituição voltado para os países mais pobres do mundo.
Banga disse a repórteres que, se os EUA não cumprirem a promessa de US$4 bilhões para a Associação Internacional de Desenvolvimento, feita pelo governo do ex-presidente Joe Biden no ano passado, e alguns países europeus diminuírem os fundos prometidos, isso poderá reduzir a última rodada de financiamento de US$100 bilhões do fundo para US$80 bilhões ou US$85 bilhões.
Isso seria quase igual aos US$82 bilhões em apoio da AID prometidos em 2019, mas abaixo do montante de US$93 bilhões em 2021.
'Estamos tendo um diálogo construtivo com o governo dos EUA. Não sei onde isso vai parar, mas não tenho nenhum problema com o diálogo que estou tendo', disse Banga, uma semana antes das reuniões do primeiro semestre do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional em Washington.
'Eles estão fazendo as perguntas certas, e nós estamos tentando dar as respostas certas', acrescentou.
ADAPTAÇÃO DA ESTRATÉGIA CLIMÁTICA
Perguntado se ainda estava comprometido com a meta do Banco Mundial de dedicar 45% de seu financiamento anual a projetos relacionados ao clima até este ano, diante do desejo do presidente Donald Trump de reduzir o financiamento climático, Banga disse que muitos dos projetos incluídos nessa meta serão apenas 'desenvolvimento inteligente' que traz benefícios climáticos.
Ele disse que metade do financiamento direcionado seria destinado a ajudar os países com resiliência e adaptação ao clima.
'Esse é o telhado de uma escola pintado de branco em vez de vermelho, por isso é mais fresco por dentro', disse Banga. 'É uma escola que não é destruída por um furacão, ou uma estrada que não é levada pelas águas em uma monção, ou variedades de sementes resistentes ao calor, e irrigação por gotejamento. Essas são coisas que são relevantes no desenvolvimento.'
A outra metade da meta de 45% é para a mitigação da mudança climática, mas apenas cerca de 5% do financiamento total do banco será dedicado ao desenvolvimento de energia, disse Banga, com uma parte disso também dedicada a projetos de gás.
Banga disse que a diretoria do Banco Mundial em junho considerará uma estratégia de energia com todas opções, 'que não é apenas energia renovável, mas um plano de transição para todos'.
Ele disse que os esforços de financiamento de energia do Banco Mundial no futuro incluiriam 'gás, geotérmica, hidrelétrica, solar, eólica e nuclear onde fizer sentido. Essa é a estratégia que discutiremos com nossa diretoria'.
Banga também enfatizou as reformas que o Banco Mundial empreendeu desde que ele assumiu o cargo em junho de 2023 para tornar o credor mais eficiente, mais rápido e focado em melhores resultados de desenvolvimento.
'Portanto, em 2024, quase metade do nosso financiamento ao setor público era baseado no desempenho, vinculado a resultados, em comparação com 28% há uma década', disse Banga.
Nas reuniões deste mês, disse Banga, o banco pretende fazer mais progressos em suas iniciativas para atrair o financiamento do setor privado para projetos de desenvolvimento e mercados emergentes.
(Reportagem de David Lawder e Andrea Shalal)
Escrito por Reuters
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