Primeiro-ministro de Portugal pede ao presidente da China que pressione Rússia pela paz na Ucrânia

Por Eduardo Baptista

PEQUIM (Reuters) - O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, pediu ao presidente da China, Xi Jinping, que use o relacionamento próximo de seu país com a Rússia para pressionar por uma 'paz justa e duradoura' na Ucrânia, durante uma reunião em Pequim nesta terça-feira.

A visita de Montenegro à China é a primeira de um chefe de governo português em quase uma década. Ela acontece uma semana depois que Xi organizou um grande desfile militar em Pequim, marcando os 80 anos da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, ladeado por Vladimir Putin, da Rússia, e Kim Jong Un, da Coreia do Norte, no que a chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, chamou de 'aliança autocrática'.

'Contamos realmente com sua contribuição e com o estreito relacionamento que a China mantém com a Federação Russa para que possamos construir, o mais rápido possível, uma paz justa e duradoura na Ucrânia', disse Montenegro a seu anfitrião.

Após uma visita de vários dias à China, Montenegro irá ao Japão para uma visita de Estado, já que Lisboa busca laços mais estreitos com as duas maiores economias da Ásia após anos sem contato de alto nível.

Duramente atingida pelas tarifas da administração Trump, que reduziram as exportações de Portugal para os EUA, Lisboa está agora buscando laços comerciais mais fortes com a China, mesmo quando a União Europeia acusa a segunda maior economia do mundo de inundar a região com produtos baratos e permitir a economia de guerra da Rússia.

Montenegro também disse a Xi que Portugal está grato pelos investidores chineses terem 'apostado... na economia portuguesa durante um dos momentos mais críticos para o nosso país - a crise financeira'.

O presidente da agência de promoção de investimentos de Portugal, AICEP, faz parte da delegação que acompanha Montenegro em suas visitas à China e ao Japão.

O investimento estrangeiro direto chinês em Portugal atingiu um valor acumulado de mais de 12 bilhões de euros (US$14 bilhões) até o final de 2024, de acordo com a AICEP, tornando-se a quarta maior fonte de investimento externo direto da nação ibérica.

Apesar dos fortes laços de investimento, algumas tensões permanecem, incluindo a proibição contínua de equipamentos chineses na rede 5G de Portugal, que o novo governo de centro-direita manteve.

Xi disse que 'a China está disposta a fortalecer a comunicação estratégica com Portugal, para garantir que as relações bilaterais (se desenvolvam) na direção correta'.