Produção da Toyota no Brasil pode ficar parada até fim do ano após tempestade, diz sindicato
Produção da Toyota no Brasil pode ficar parada até fim do ano após tempestade, diz sindicato
Reuters
24/09/2025
Atualizada em 24/09/2025
SÃO PAULO (Reuters) - A Toyota pode ficar sem produzir veículos no Brasil até pelo menos o final deste ano por causa da destruição da fábrica de motores da companhia no interior de São Paulo nesta semana, disse o presidente do sindicato de metalúrgicos da região.
A fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz (SP) é responsável pelo abastecimento das fábricas de veículos da marca em Sorocaba (SP) e Indaiatuba (SP) e foi arrasada no início da semana por uma tempestade com ventos de 90 quilômetros por hora.
'Se fizermos a comparação com um carro, deu perda total na fábrica', disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, Leandro Soares, em entrevista à Reuters nesta quarta-feira, após sair de uma reunião com a montadora sobre medidas de preservação dos empregos depois do desastre.
'É bem provável que a Toyota não volte a produzir (no Brasil) este ano devido à falta de motores em Porto Feliz', acrescentou. 'Provavelmente as atividades em Sorocaba e Indaiatuba devem ficar prejudicadas este ano devido ao tamanho do prejuízo.'
'Vai ter que tirar o esqueleto que ficou e colocar um esqueleto novo', disse Soares, referindo-se a colunas e vigas de sustentação da fábrica danificadas pela tempestade. Segundo o dirigente sindical, 'praticamente toda' a fábrica de Porto Feliz foi comprometida.
A montadora informou mais cedo que ainda está trabalhando na avaliação dos danos causados pelo fenômeno climático que teve força para tirar carros do chão e arrancar o telhado da fábrica que foi aberta em 2014 e é considerada pela marca como uma das mais modernas do grupo no mundo. A unidade foi aberta após investimento de R$580 milhões e era a primeira fábrica de motores da Toyota na América Latina, com uma capacidade de mais de 100 mil propulsores por ano.
Questionada nesta tarde sobre os comentários do presidente do sindicato, a Toyota afirmou 'que não tem informações'.
EMPREGOS GARANTIDOS
Segundo Soares, os trabalhadores da Toyota em Sorocaba vão entrar em férias coletivas nesta semana e em Porto Feliz os funcionários usarão banco de horas até o final desta semana, para depois ingressarem em regime de férias coletivas.
'Os empregos estão garantidos', afirmou o presidente do sindicato na entrevista. Segundo ele, a entidade ainda vai negociar com a montadora o estabelecimento de programas de suspensão de contratos de trabalho (layoff) para evitar demissões. Os trabalhadores acertaram em setembro a negociação salarial deste ano e Soares disse que a Toyota vai manter todos os termos acertados com os trabalhadores antes da tragédia.
A fábrica de Sorocaba emprega cerca de 3.800 trabalhadores e Porto Feliz, aproximadamente 800, disse Soares.
Segundo a montadora, houve 'danos severos à estrutura da fábrica' em Porto Feliz e esses danos 'afetaram a fábrica em grande extensão'. A Toyota tinha marcado o lançamento do utilitário Yaris Cross, principal lançamento da marca neste ano, para 16 de outubro, mas o evento foi adiado por prazo indefinido após a destruição da fábrica.
Cerca de 30 trabalhadores de Porto Feliz ficaram feridos sem gravidade como consequência do fenômeno climático, sendo que um deles quebrou um braço, disse Soares.
A Toyota trabalha em sistema de produção 'just in time', em que a montagem de carros é sincronizada com a produção de componentes. A companhia afirmou mais cedo que as produções das fábricas de Sorocaba e Porto Feliz foram interrompidas desde terça-feira, 'sem previsão de retomada'.
'Um relatório de danos está sendo preparado para entender a extensão dos impactos... Nesse momento, não temos como prever nenhuma data', afirmou a empresa mais cedo ao ser questionada sobre uma expectativa de retorno da produção.
Além da produção prevista do Yaris Cross, a Toyota monta em Sorocaba o Corolla em versões sedã, híbrida e utilitário, e o hatch Yaris voltado para exportação. Em Indaiatuba, também produz o Corolla sedã.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, a Toyota no município respondeu por 23,1% do valor total de veículos exportados pelo Brasil de janeiro a agosto, com US$935,4 milhões. A entidade citou dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Os principais mercados de destino dos produtos da fábrica de Sorocaba foram Argentina, com US$645,9 milhões, seguida por Colômbia (US$155 milhões) e Chile (cerca de US$30 milhões).
Incluindo as vendas externas da planta de Indaiatuba, a fatia das exportações sobe para cerca de 28% do valor total exportado pelo Brasil entre janeiro e agosto de 2025, de mais de US$1,1 bilhão, segundo o sindicato.
Reuters

