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Renovação de conselho para 'nova fase' da Eletrobras gera disputa de candidaturas

Placeholder - loading - Torres de transmissão de energia 11/10/2021 REUTERS/Cesar Olmedo
Torres de transmissão de energia 11/10/2021 REUTERS/Cesar Olmedo

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Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A eleição do conselho de administração da Eletrobras, marcada para o fim deste mês, tem gerado uma disputa de candidaturas, em momento em que a empresa busca alinhar o colegiado a uma nova fase após encerrar longo embate com o governo federal e virar a chave para a gestão privada.

De um lado, a Eletrobras defende sua lista recomendada de conselheiros, que inclui indicados pela União, recondução da maioria dos membros atuais e a entrada de um novo nome, Carlos Marcio Ferreira, executivo experiente no setor elétrico.

Mas, em paralelo, surgem na disputa candidaturas de figuras reconhecidas nessa área de atuação, como Marcelo Gasparino, que é atualmente conselheiro da Eletrobras, mas não foi incluído na recomendação formulada pela empresa, e José João Abdalla Filho, investidor e importante acionista individual da Eletrobras.

Em carta aberta a acionistas publicada na quinta-feira, assinada pelo chairman, Vicente Falconi, a Eletrobras defendeu uma renovação do conselho 'controlada' e 'alinhada ao fortalecimento de habilidades diretamente ligadas ao setor de atuação, com foco em operação e conhecimento técnico no setor de energia'.

A ideia de reforçar o colegiado com pessoas com conhecimento da operação do setor elétrico está por trás da entrada de Carlos Marcio Ferreira na lista de recomendações da Eletrobras, segundo uma fonte com conhecimento do assunto.

Indicado pelas gestoras SPX, Opportunity HDF, Oceana Investimentos e Navi Capital, Ferreira ocupou cargos de direção em grandes elétricas, como CPFL e Energisa, além de ter passagens pelos conselhos de Eneva e Light.

Na carta a acionistas, a Eletrobras afirma que sua lista de candidatos também considerou 'o desempenho e os resultados das avaliações de cada conselheiro ao deliberar sobre eventuais reconduções'.

Pela proposta da administração, seriam reconduzidos Falconi, Ana Silvia Corso Matte, Daniel Alves Ferreira, Felipe Villela Dias e Marisete Pereira, além de Pedro Batista, sócio da Radar Gestora de Recursos Ltda, que é eleito em separado por ser indicado por acionistas preferencialistas.

'Essa avaliação rigorosa assegura que o conselho seja composto por profissionais que detenham as competências e experiências necessárias para enfrentar os desafios em constante evolução', diz o documento da Eletrobras.

Na primeira grande reformulação de conselho desde a privatização em 2022, a empresa busca se preparar para nova fase, deixando para trás a disputa com a União sobre limite de voto e 'turnaround', concentrando-se agora no futuro dos negócios de geração, transmissão e comercialização de energia.

Gasparino, que tem feito críticas públicas ao processo de reformulação do conselho e pedido votos de acionistas, defendeu à Reuters sua permanência no grupo e seu currículo no setor, afirmando atuar há 14 anos como conselheiro em empresas de geração, transmissão e distribuição.

'Sem dúvida, nenhum dos atuais conselheiros tem a minha experiência no setor elétrico brasileiro', disse ele, mencionando ter sido diretor da Celesc e suas passagens pelos conselhos de AES, Cemig e Petrobras, da qual deixou de compor o colegiado neste ano.

Advogado e com formações executivas em temas como fusões e aquisições, Gasparino tem histórico de atuação como conselheiro independente em várias companhias abertas, como Vale e Petrobras. Foi indicado agora para disputar novamente vaga no conselho da Eletrobras pelos acionistas Geração L. Par, Tempo Capital Principal, RPS e Clave.

Esse grupo de acionistas também indicou para eleição ao conselho da Eletrobras, na votação de preferencialistas, Rachel Maia, executiva com passagem por várias empresas e presidente do conselho de administração do Pacto Global da ONU Brasil.

Gasparino também defendeu a entrada de Abdalla, dono do Banco Clássico e investidor da Eletrobras que também pleiteia uma cadeira. 'Somos complementares, adicionamos valor aos 'boards' que participamos', disse ele, que não quis comentar sobre a recondução de conselheiros.

Na nova configuração do conselho, a Eletrobras também deve passar a contar com três conselheiros indicados pela União: Maurício Tolmasquim, Silas Rondeau e Nelson Hubner, todos com carreira no setor e tendo ocupado o posto de ministros de Minas e Energia em governos do PT.

'A boa notícia foi que, em meio a um clima de expectativa quanto ao que viria do governo, eles conseguiram trazer três nomes técnicos, do setor, que entendem e que podem colaborar com o sucesso da empresa', disse uma fonte próxima da companhia.

A criação das vagas cativas do governo no colegiado, porém, precisará ser aprovada por acionistas em assembleia do dia 29, que virá antes da eleição de conselho. A deliberação envolve todos os termos do acordo firmado para encerrar a ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em que o governo questiona poder de voto na companhia.

Na carta, a Eletrobras ressaltou a importância do acordo, que fortalece 'ainda mais a governança' e mantém a empresa como uma 'corporation', com limite de votos de 10% pelos maiores acionistas, ao mesmo tempo em que suspende obrigações sobre a usina de Angra 3.

CRÍTICAS PÚBLICAS

Gasparino tem feito críticas públicas na rede social LinkedIn à influência do conselheiro Pedro Batista, da Radar Gestora de Recursos, na Eletrobras. A gestora detém participação na companhia elétrica desde 2013 e é uma importante acionista preferencialista, o que lhe confere prioridade para receber dividendos, mas não poder de decisão sobre a empresa.

Em postagem recente no LinkedIn, ele afirma que três conselheiros teriam sido convidados por Batista a compor o conselho da Eletrobras após a privatização. Essa informação foi veiculada em reportagem da Folha de S.Paulo em 2023, com base em um áudio gravado de uma reunião no qual os próprios conselheiros contavam ter recebido convites de Batista.

'Todo o mercado já sabe disso', disse ele, quando questionado pela Reuters sobre influência da Radar Gestora de Recursos no conselho da Eletrobras.

Na carta a acionistas, a Eletrobras reiterou a recomendação de Batista para compor o conselho, afirmando que ele possui 28 anos de sólida expertise no setor elétrico, tendo atuado como chefe da equipe de Equity Research Brasil do UBS Pactual e como sócio do Banco Pactual.

A indicação de Batista foi solicitada pelos acionistas Atmos Capital, Vinci Equities, Milestones Administradora de Recursos, Radar Gestora e SPX.

Procurado, Batista não quis comentar.

A Eletrobras também disse que não comentaria nada além do que está na carta a acionistas.

(Por Letícia Fucuchima; com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)

Escrito por Reuters

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