Republicanos da Câmara não conseguem fechar acordo sobre cortes de impostos, apesar da insistência de Trump
Republicanos da Câmara não conseguem fechar acordo sobre cortes de impostos, apesar da insistência de Trump
Reuters
29/01/2025
Por David Morgan
MIAMI (Reuters) - Uma reunião de três dias entre republicanos da Câmara dos Deputados dos EUA, destinada a dar início à agenda de cortes de impostos de 4 trilhões de dólares do presidente Donald Trump, terminou nesta quarta-feira sem um acordo porque os falcões fiscais do partido se recusaram a seguir em frente a menos que o plano reduzisse o déficit federal de 1,8 trilhão de dólares.
O presidente da Câmara, Mike Johnson, convocou uma reunião dos deputados republicanos nesta semana no resort Doral, de Trump, em Miami, na esperança de chegar a um consenso sobre um projeto orçamentário. A oposição linha-dura -- e a preocupação com a crescente dívida de 36 trilhões de dólares do país, sobre a qual o Congresso precisará agir neste ano -- poderia bloquear o plano de corte de impostos em uma Câmara na qual os republicanos detêm uma maioria apertada de 218 cadeiras a 215 dos democratas, que em breve deverá cair para 217.
'O Partido Republicano precisa se manter unido', disse Trump ao grupo no início de sua reunião na segunda-feira. 'Seria diferente se tivéssemos uma... maioria de 30 pessoas. Mas não temos. Temos que ajudar a liderança.'
Com os republicanos também possuindo uma maioria de 53 a 47 no Senado, Trump está pressionando os parlamentares a estender seus cortes de impostos de 2017, que devem expirar no final deste ano, fornecer fundos para reforçar a segurança nas fronteiras, deportar imigrantes ilegais e aumentar gastos militares. Somente o custo da extensão do corte dos impostos ultrapassaria 4 trilhões de dólares, de acordo com o Comitê para um Orçamento Federal Responsável, um think tank não partidário.
Trump também pediu que os republicanos aprovassem uma lei para eliminar impostos federais sobre gorjetas, horas extras e benefícios da Previdência Social.
No momento, os republicanos podem se dar ao luxo de perder o apoio de no máximo um membro da Câmara se quiserem aprovar os cortes de impostos em meio ao que se espera que seja uma oposição democrata unida. A reunião desta semana mostrou que a oposição republicana é mais difusa.
O líder do grupo ultraconservador da Câmara, o Freedom Caucus (bancada da liberdade), alertou que o plano poderia não conseguir economizar o suficiente para reduzir significativamente o déficit, uma meta fundamental entre os conservadores fiscais.
'Isso interromperá o processo', disse o chairman do Freedom Caucus, Andy Harris, à Reuters. 'Há um amplo grupo de deputados republicanos que acredita que temos que levar muito a sério a redução do déficit.'
LINHA-DURA FOCADA NO DÉFICIT
Harris afirmou que os cerca de três dúzias de membros do Freedom Caucus querem uma resolução orçamentária que exija um corte de 3 trilhões de dólares nos gastos do governo federal ao longo da próxima década, e que os parlamentares linha-dura se oporiam a um plano que identificasse apenas metade desse número de cortes ou menos.
'Isso mostraria que não estamos realmente levando a sério a redução do déficit', disse Harris.
Nos últimos dois anos, o Freedom Caucus tem se oposto repetidamente à liderança do partido e, no mês passado, rejeitou uma exigência de Trump para eliminar o teto de endividamento legal do governo federal antes de ele assumir o poder.
Mas, desde a posse, o Congresso ficou ao lado de Trump em votações difíceis -- principalmente quando 50 senadores republicanos votaram para confirmar o ex-comentarista da Fox News, Pete Hegseth, como secretário de Defesa, apesar de críticas generalizadas à sua conduta pessoal.
(Reportagem de David Morgan)
Reuters