Revisão dos órgãos de controle militar pelo secretário de Defesa dos EUA gera preocupação
Revisão dos órgãos de controle militar pelo secretário de Defesa dos EUA gera preocupação
Reuters
02/10/2025
Por Idrees Ali e Phil Stewart
WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, está lançando um novo esforço para reformular as agências de fiscalização das Forças Armadas, gerando preocupações entre atuais e ex-oficiais dos EUA de que irregularidades podem não ser denunciadas ou examinadas no maior -- e mais caro -- ramo do governo norte-americano.
Hegseth assinou um memorando esta semana com o objetivo de interromper investigações sobre fraudes e abusos militares, uma medida que ocorre no momento em que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, enfraquece os inspetores gerais em todo o governo federal. O próprio Hegseth está sendo investigado por ter usado o aplicativo de mensagens comerciais Signal para discutir planos de ataque ao Iêmen.
Os escritórios dos inspetores gerais federais foram criados pelo Congresso em 1978 como partes independentes das agências do governo dos EUA para investigar e auditar desperdícios, fraudes e abusos. Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump demitiu pelo menos 17 deles em todo o governo, provocando acusações dos democratas de que ele quer eliminar a responsabilização de sua administração.
'Estamos reformulando um processo de inspetor geral, o IG, que foi transformado em uma arma, colocando reclamantes, ideólogos e pessoas de baixo desempenho no comando', disse Hegseth aos principais líderes militares dos EUA na terça-feira.
As reformas incluem forçar os escritórios do IG a decidir se as denúncias são respaldadas por 'evidências confiáveis' dentro de sete dias e a rastrear qualquer 'reclamante reincidente'.
As autoridades que conversaram com a Reuters não tinham conhecimento de nenhum cronograma, antes do memorando, para avaliar as reclamações.
Alguns funcionários atuais e antigos concordam com Hegseth que as queixas podem ser usadas para acertar contas dentro das Forças Armadas, uma vasta burocracia de 2 milhões de pessoas, onde promoções e até mesmo aposentadorias podem ser atrasadas e frustradas por queixas aos IGs.
Uma autoridade dos EUA que aprovou a medida de Hegseth disse que o memorando pode significar menos reclamações frívolas, permitindo que os investigadores se concentrem em pistas mais importantes.
Mas os críticos das reformas argumentam que elas podem acabar prejudicando a supervisão, enfraquecendo a independência do IG e colocando os denunciantes em uma situação impossível.
'Hegseth está tentando encerrar as investigações e punir cada vez mais as vítimas por denunciarem questões extremamente difíceis', disse à Reuters a senadora Tammy Duckworth, democrata e crítica ferrenha de Hegseth.
O Pentágono disse que não tinha nenhum comentário além do próprio memorando.
Reuters

