Rosa Weber rejeita prisão em 2ª instância em voto considerado fiel da balança de julgamento
Rosa Weber rejeita prisão em 2ª instância em voto considerado fiel da balança de julgamento
Reuters
24/10/2019
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu o segundo voto contrário ao atual entendimento da corte que permite a execução da pena de prisão após a condenação em segunda instância, deixando o placar temporário em 3 votos a favor e 2 contra a medida.
O voto de Rosa Weber era considerado um dos mais decisivos e fiel da balança neste julgamento do STF. Ele pode abrir caminho para beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril do ano passado após ter condenação confirmada na ocasião pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
O presidente do STF, Dias Toffoli, decidiu conceder um intervalo na sessão desta quinta, apesar de, na véspera, ter dito que o julgamento prosseguiria nesta quinta sem interrupções. A expectativa é que o julgamento só se encerre na próxima semana.
Rosa se manifestou a favor de que uma pessoa que tenha sido condenada permaneça em liberdade até o esgotamento de todos os recursos cabíveis nas instâncias judiciais, o chamado trânsito em julgado.
'Não se tratando de prisão de natureza cautelar, a prisão pena será a formação de culpa e, segundo essa, a convicção se forma no momento do trânsito em julgado, gostemos ou não, goste eu pessoalmente ou não, esta é escolha político-civilizatória da Constituição', disse.
A ministra destacou que não se pode reescrever o texto constitucional e disse que o artigo do Código de Processo Penal, de 1941, que prevê que ninguém será preso antes do trânsito em julgado, está em acordo com a Constituição de 1988.
Rosa justificou sua posição, uma mudança de entendimento em relação à postura que adotou em julgamentos anteriores, com o argumento de que, naquelas ocasiões, se curvou ao princípio da colegialidade. Ela disse que foi voto vencido no julgamento que fixou o entendimento em 2016 e, desde então, vinha seguindo a orientação fixada pela corte a favor da prisão em segunda instância.
Contudo, a ministra disse que o julgamento atual faz uma avaliação do caso a partir da Constituição sem balizar em um caso concreto, como ocorreram nos recursos anteriores. Ela disse que isso não é 'irrelevante'.
“Não se diga, portanto, que alterei meu entendimento na ocasião quanto ao tema de fundo. Minha leitura constitucional sempre foi e continua sendo a mesma”, disse a ministra.
Reuters