Se segunda onda de Covid chegar, gasto do governo será metade do que foi em 2020, estima Guedes
Se segunda onda de Covid chegar, gasto do governo será metade do que foi em 2020, estima Guedes
Reuters
10/11/2020
Atualizada em 10/11/2020
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - Caso uma segunda onda de Covid-19 atinja o país, a perspectiva é gastar metade do que foi empregado no enfrentamento ao surto em 2020, disse nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, justificando que agora há experiência para limar os excessos.
'Se uma segunda onda vier para o Brasil já temos os mecanismos. Digitalizamos 64 milhões de brasileiros. Então sabemos quem eles são, onde estão, o que precisam para sobreviver', disse o ministro, ao participar de fórum virtual promovido pela Bloomberg.
Segundo Guedes, no caso de uma segunda onda o governo voltará a prover assistência, mas a valores menores. 'Em vez de 8% do PIB, provavelmente desta vez metade disso porque sabemos que podemos filtrar agora os excessos aqui e ali. E certamente usaríamos valores menores', afirmou.
Em apresentação recente, o Ministério da Economia estimou que as medidas de combate ao coronavírus chegarão a 8,6% do PIB neste ano. Só com o auxílio emergencial --a maior delas-- os gastos serão de 321,8 bilhões de reais, contemplando pagamentos mensais de 600 reais aos beneficiários entre abril e agosto, e de 300 reais de setembro até o fim do ano.
'Quem pode pegar emprestado 8% (do PIB) a mais pode pegar 12%. Então poderíamos gastar um pouco mais, justamente porque as pessoas entendem que temos a resolução de voltar à situação anterior assim que a doença nos deixar', disse o ministro.
'Portanto, estamos prontos para avançar caso a doença volte, mas não vamos nos mover se ela for embora. As pessoas entendem isso.'
Guedes tem defendido a inserção, na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, de emenda que abra caminho para um orçamento de guerra em caso de nova emergência, a exemplo do que aconteceu neste ano por causa da pandemia de coronavírus.
A emenda constitucional do orçamento de guerra desobrigou o governo de cumprir uma série de regras fiscais, incluindo a meta de resultado primário, também permitindo que os gastos extraordinários, como os ligados à concessão do auxílio emergencial, não precisassem obedecer ao teto de gastos.
Em sua participação no fórum desta manhã, o ministro voltou a frisar que a avaliação hoje é de que não será necessário seguir com o auxílio, já que a percepção corrente é que a doença está retrocedendo e a economia está voltando 'fortemente'.
Essa retomada, reiterou ele, está ocorrendo num formato de V puro, e não num 'V da Nike', como ele chegou a aventar anteriormente.
Apesar dos vultosos gastos públicos, o ministro disse ainda que o governo está rolando a dívida 'sem problemas'.
'Acho que não teremos problema à frente', acrescentou.
Reuters