Secretário do Tesouro dos EUA pede política monetária 'sólida' no Japão

Por Leika Kihara e Makiko Yamazaki

TÓQUIO (Reuters) - O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, pediu uma 'política monetária sólida' durante reunião com sua homóloga japonesa, Satsuki Katayama, informou seu departamento nesta terça-feira, no mais recente ataque ao ritmo lento de aumento da taxa de juros pelo Banco do Japão.

Os comentários fizeram com que o iene subisse brevemente e foram feitos antes da reunião de dois dias do Banco do Japão, que termina na quinta-feira, quando os mercados esperam que o banco central adie o aumento da taxa de juros.

'O secretário Bessent destacou o importante papel da formulação e comunicação de uma política monetária sólida na ancoragem das expectativas de inflação e na prevenção da volatilidade excessiva da taxa de câmbio', disse o Departamento do Tesouro dos EUA em um comunicado.

A questão é crítica, uma vez que as condições econômicas do Japão são substancialmente diferentes de quando o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe implantou suas medidas de estímulo 'Abenomics' há 12 anos, disse Bessent disse durante as discussões de segunda-feira segundo o comunicado.

Os comentários reavivaram as expectativas do mercado de que Washington pode continuar pressionando o Japão a apertar a política monetária mais rapidamente.

Quando questionada sobre a declaração do Departamento do Tesouro, Katayama disse nesta terça-feira que a reunião não discutiu diretamente como o banco central orienta a política monetária.

'Acredito que o sr. Bessent falou com base no pressuposto de que o banco central de cada país tem independência' na definição da política monetária, disse Katayama.

'Não creio que ele tenha tido a intenção de pressionar' o Banco do Japão a aumentar os juros, acrescentou ela.

Defensora do Abenomics, a nova primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, pediu ao Banco do Japão que coopere com os esforços do governo para impulsionar a demanda, em comentários vistos pelos analistas como uma resistência aos planos de aumento dos juros do banco central.

Depois de sair de um estímulo maciço de uma década, lançado como parte do Abenomics em 2024, o banco central aumentou a taxa de juros duas vezes até janeiro, mas ainda mantém os custos dos empréstimos em 0,5%.

(Reportagem de Leika Kihara e Makiko Yamazaki; reportagem adicional de Kantaro Komiya)