Setor de veículos vê risco de produção por problemas em cadeias de suprimentos, diz Anfavea
Setor de veículos vê risco de produção por problemas em cadeias de suprimentos, diz Anfavea
Reuters
07/12/2020
Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de veículos está vendo riscos elevados à produção neste final de ano diante de problemas gerados por volatilidade do câmbio e pela pandemia de Covid-19, cujo recrusdescimento de casos em vários países e regiões do Brasil tem impactado cadeias de fornecimentos de peças.
'A gente faz coisas impossíveis, mas milagre ainda não fazemos. Se faltar peça, a consequência é dificuldade na entrega de veículos. Existe sim, risco muito forte...pode acontecer em dezembro', disse o presidente da associação de montadoras, Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em videoconferência com jornalistas nesta segunda-feira.
A indústria terminou novembro com o menor nível de estoque de veículos prontos desde o início de 2004, a 119,4 mil unidades, informou o executivo, citando os problemas na cadeia de suprimentos, que voltaram a se intensificar no mês passado.
As vendas tiveram alta de 4,6% sobre outubro, mas caíram 7,1% na comparação anual. A produção, enquanto isso, ficou praticamente estável em novembro sobre o mês anterior, subindo 4,7% ante o mesmo mês de 2019.
'Estamos tendo problemas com aço, borracha, termoplástico, pneus....é um risco imediato. Já tínhamos registrado microparadas e agora estamos observando paradas em materiais importados, paradas por conta de contaminação de fornecedor', disse Moraes. 'Tem casos de fornecedor na Inglaterra, onde houve aumento da segunda onda (de Covid-19) e isso afeta toda a logística de material importado', acrescentou.
Além dos problemas de fornecimento, o executivo afirmou que a indústria de veículos ainda enfrenta alta de custos e volatilidade do câmbio que dificulta contratos de exportação e importações de componentes.
Questionado sobre afirmação da siderúrgica CSN, em meados de outubro de que o reajuste nos preços do aço vendido a montadoras de veículos não poderia 'ser menor que 30%', Moaraes afirmou que o aumento pode ser um 'bumerangue' para os produtores da liga.
'Trinta por cento da siderurgia é setor automotivo. (O reajuste) resolve o problema dela, mas cria outro que pode abalar a demanda. A siderurgia lançou um bumerangue e o problema pode voltar para eles', disse o executivo sem confirmar que índices de reajuste siderúrgicas estão negociando com as montadoras. 'A negociação do aço está muito dura. O que não queríamos ter agora é um aumento de custos desta magnitude.'
Os executivos da entidade evitaram fazer projeções para 2021, citando um quadro ainda muito incerto por causa da pandemia e seus impactos.
Reuters