SHOWS SEM CELULARES: TENDÊNCIA OU DEBATE SEM FIM?
DECLARAÇÃO DE SABRINA CARPENTER REACENDE DISCUSSÃO SOBRE A PROIBIÇÃO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS EM EVENTOS MUSICAIS
João Carlos
23/06/2025
A recente declaração da cantora Sabrina Carpenter, durante uma entrevista à Rolling Stone, trouxe à tona uma questão que volta e meia sacode o universo dos eventos ao vivo: a possibilidade de proibir celulares em shows para garantir uma experiência mais imersiva e menos mediada por telas.
A inspiração da artista veio após assistir a um espetáculo do Silk Sonic, projeto de Bruno Mars e Anderson .Paak, em Las Vegas, onde a entrada com celulares foi bloqueada. Sabrina descreveu a noite como uma das melhores experiências musicais da sua vida, ressaltando o impacto de ver o público completamente presente e conectado com a apresentação.
Uma nova tendência no mercado de shows?

A discussão sobre shows sem celulares não é nova, mas vem ganhando força nos últimos anos. Artistas como Bob Dylan, Jack White, Bono e Iron Maiden já adotaram medidas semelhantes em turnês internacionais. O objetivo é claro: melhorar a conexão entre artista e público, evitando que a atenção seja desviada para gravações, fotos e postagens em redes sociais.
Segundo especialistas em entretenimento ao vivo, essa medida pode representar uma tendência crescente, principalmente entre artistas que buscam oferecer uma experiência sensorial completa, com foco na emoção do momento.
Do ponto de vista técnico, empresas como a Yondr oferecem soluções práticas, com sacos lacrados para celulares, que só podem ser abertos em áreas externas ao local do show. Essa tecnologia já foi usada em diversas turnês mundiais e vem ganhando espaço.
Benefícios da proibição de celulares em shows
Entre os principais argumentos a favor da prática, especialistas destacam:
- Aumento da concentração e engajamento do público
- Preservação da experiência artística, sem vazamentos de conteúdo antes da hora
- Criação de um ambiente mais autêntico, onde os fãs interagem diretamente entre si e com o artista
- Redução de distrações visuais, tanto para o público quanto para quem está no palco
Além disso, do ponto de vista emocional, a sensação de viver o momento ao máximo tem sido um dos maiores atrativos para quem já participou de shows com essa política.
Os desafios e as resistências do público

Por outro lado, muitos fãs enxergam a proibição de celulares como uma limitação da liberdade individual. Em tempos de geração de conteúdo e compartilhamento instantâneo, a ideia de não poder registrar um momento tão especial pode gerar frustração.
Além disso, questões como segurança, acessibilidade e até o uso emergencial dos aparelhos são pontos levantados por quem é contra a medida.
Pesquisas recentes com consumidores de shows indicam que, embora muitos valorizem a ideia de mais conexão ao vivo, ainda existe uma grande parcela do público que prefere ter a opção de registrar o evento.
Sabrina Carpenter: de fã a defensora da imersão total
No caso específico de Sabrina Carpenter, o impacto de ter vivido a experiência no show de Bruno Mars foi determinante. Ela afirmou que, mesmo sabendo que pode gerar reações negativas entre seus seguidores, está considerando aplicar a política de "shows sem celulares" em suas próximas turnês.
"Nunca tive uma experiência melhor num concerto. Senti como se estivesse de volta aos anos 70… Todo mundo cantando, dançando, se olhando e rindo. Realmente foi lindo", declarou a artista.
Esse relato reforça a ideia de que, ao menos para alguns músicos, o futuro das apresentações ao vivo pode realmente passar por uma redução drástica do uso de celulares dentro dos espaços de show.
Uma tendência que veio para ficar?
Se a proibição de celulares em shows vai se consolidar como uma tendência definitiva, ainda é cedo para afirmar. Mas o debate está longe de ser superficial. A busca por experiências mais humanas, conectadas e menos mediadas por telas está no centro de uma transformação que envolve artistas, público e toda a indústria do entretenimento.
Seja como escolha artística ou como estratégia de mercado, o fato é que cada vez mais artistas — como Sabrina Carpenter — começam a testar esse formato, em busca de um show mais imersivo, emocional e memorável.