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Comissão de MP da reestruturação aprova texto que esvazia poderes do Ministério do Meio Ambiente

Comissão de MP da reestruturação aprova texto que esvazia poderes do Ministério do Meio Ambiente

Reuters

24/05/2023

Placeholder - loading - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva  24/03/2023 REUTERS/Adriano Machado
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva 24/03/2023 REUTERS/Adriano Machado

Atualizada em  24/05/2023

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) -A comissão mista da medida provisória que reestrutura a organização das pastas na Esplanada aprovou nesta quarta-feira o texto que esvazia atribuições do Ministério do Meio Ambiente, apesar das fortes críticas da ministra Marina Silva e de aliados dela, e a matéria segue agora para apreciação do plenário da Câmara dos Deputados.

O texto foi aprovado com 15 votos a favor e 3 contra, além de uma abstenção. Se passar pela Câmara, a matéria tem de ser apreciada pelo plenário do Senado e votada até o dia 1º de junho, sob pena de perder a validade. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, a perspectiva é de que nos plenários das duas Casas Legislativas as mudanças sejam confirmadas.

A votação da MP é um primeiro embate concreto entre diferentes grupos apoiadores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Legislativo.

Nesta quarta, o colegiado aprovou o parecer do relator e líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), que propõe retirar do escopo da pasta de Marina a gestão de recursos hídricos, de resíduos sólidos e o Cadastro Ambiental Rural (CAR).

No texto, o relator propôs que a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão responsável por regular questões de saneamento básico, deixe de ser vinculado ao MMA e passe para o guarda-chuva do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, comandado por Waldez de Góes (PDT), indicado ao cargo pelo senador David Alcolumbre (União-AP).

Outra mudança prevista no parecer é a de que a responsabilidade pela implementação do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa) e do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir) deixaria de ser da pasta do Meio Ambiente e ficaria a cargo do Ministério das Cidades, liderado por Jader Filho (MDB).

Uma terceira alteração prevê que a gestão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) também sairia da competência do MMA e ficaria vinculado ao Ministério da Gestão, da titular Esther Dweck, que é próxima à ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

As tratativas no Congresso sobre o esvaziamento das competências ocorrem em meio ao embate dentro do governo do grupo liderado por Marina com a área de energia após a decisão do Ibama de rejeitar pedido de licença da Petrobras para perfurar a Bacia da Foz do Rio Amazonas.

Antes da votação na comissão da MP da reestruturação, Marina Silva disse que qualquer tentativa de desmontar o sistema nacional de meio ambiente é um desserviço à sociedade e ao Estado brasileiro, e que poderia criar 'gravíssimos prejuízos aos interesses econômicos, sociais e ambientais do nosso país'.

O relator da MP disse que o parecer aprovado representa um 'texto médio' e que garante a possibilidade de entrega das políticas públicas do atual governo. Ele rebateu a alegação de esvaziamento de Marina.

'Do ponto de vista de quem analisa que houve esvaziamento há um grande equivoco, o texto é um texto de Estado e não de pessoas', ressaltou.

O texto do relator também retira do Ministério dos Povos Indígenas as competências para promover o reconhecimento e a demarcação de terras indígenas, deslocando-as para o Ministério da Justiça. Por outro lado, barrou propostas ainda mais drásticas que previam a extinção da pasta referente à temática dos índios.

Segundo uma das fontes ouvidas pela Reuters, as alterações promovidas pelo relator da MP contam com o apoio da bancada do agronegócio e há outras modificações que também devem ser aprovadas envolvendo a desidratação da pasta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, por exemplo.

As mudanças também não foram criticadas pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que nesta terça disse que o relatório de Bulhões era 'positivo', segundo a Folha de S. Paulo.

Próximo de Marina, o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara, Nilto Tatto (PT-SP) disse que essas mudanças podem ser um 'tiro no pé' porque podem atrapalhar o desenvolvimento do país.

'Se aprovar com essa desestruturação do MMA como está previsto, pode ser um tiro no pé para o país frente às necessidades e oportunidades que se colocam para o país, colocando em risco toda a economia brasileira, inclusive o agro, que poderá perder mercado', destacou.

(Edição de Flávia Marreiro e Pedro Fonseca)

Reuters

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