Suprema Corte dos EUA apoia republicanos da Carolina do Sul em processo sobre mapa eleitoral
Suprema Corte dos EUA apoia republicanos da Carolina do Sul em processo sobre mapa eleitoral
Reuters
23/05/2024
Por John Kruzel e Andrew Chung
WASHINGTON (Reuters) - A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta quinta-feira tornar mais difícil de provar que houve discriminação racial em mapas eleitorais, importante decisão favorável a republicanos da Carolina do Sul, que excluíram 30 mil moradores negros ao redesenhar um distrito congressional.
Em decisão definida por 6 votos a 3, a corte de maioria de juízes conservadores reverteu decisão de tribunal inferior que considerava que o mapa violava o direito do eleitorado negro sob a 14ª Emenda da Constituição dos EUA, que garante proteção igual pela lei. O juiz conservador Samuel Alito escreveu a decisão.
Os integrantes liberais da corte demonstraram preocupação com a dificuldade que a decisão pode trazer para a contestação legal -- neste caso impetrada pelo grupo de direitos civis NAACP, a União das Liberdades Civis Americanas e eleitores negros -- que demonstre discriminação em mapas eleitorais com base na raça dos eleitores, o que seria inconstitucional.
“Que mensagem estamos entregando a parlamentares e formuladores de mapas”, que frequentemente incentivam o uso da raça para fins partidários ou suprimir a influência eleitoral de minorias raciais, escreveu a juíza Elena Kagan em seu voto divergente, que teve apoio de outros dois colegas progressistas. “Sigam em frente, é o que diz esta corte hoje.”
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um democrata, afirmou que a decisão “mina o princípio básico de que as práticas eleitorais não devem discriminar devido à raça”.
“Esta decisão ameaça a habilidade dos moradores da Carolina do Sul de terem suas vozes ouvidas na urna, e o plano distrital mantido pela corte é parte de um perigoso padrão de manipulação racial de autoridades republicanas eleitas para diluir a vontade dos eleitores negros”, acrescentou o presidente.
A disputa se concentrou nos limites traçados em 2022 pelo legislativo para um dos sete distritos da Câmara dos Deputados da Carolina do Sul. O novo mapa aumentou a parcela de eleitores brancos do distrito e reduziu sua parcela de eleitores negros, o que o tribunal de primeira instância chamou de 'branqueamento'.
Os eleitores negros tendem a apoiar os candidatos democratas.
Em seu voto, Alito afirmou que não havia “evidência direta” de que a raça foi predominante no desenho do distrito, e que “evidências circunstanciais são insuficientes para mostrar que a raça, e não as preferências partidárias, foram cruciais no processo distrital”.
A Suprema Corte ficou do lado de republicanos da Carolina do Sul, que argumentam que o distrito – onde ficam partes de Charleston, na costa do Atlântico – foi desenhado para obter vantagem partidária.
Em 2019, o tribunal decidiu que a elaboração de mapas para obter vantagens partidárias não era passível de revisão por tribunais federais -- ao contrário do redistritamento motivado principalmente por raça, que continua sendo ilegal.
Os limites dos distritos legislativos em todo o país são redesenhados para refletir as mudanças populacionais a cada década. Na maioria dos Estados, o redistritamento é feito pelo partido no poder.
(Reportagem de John Kruzel)
Reuters