Suprema Corte dos EUA mantém proibição de posse de arma para condenados por violência doméstica
Suprema Corte dos EUA mantém proibição de posse de arma para condenados por violência doméstica
Reuters
21/06/2024
Por Andrew Chung
WASHINGTON (Reuters) - A Suprema Corte dos Estados Unidos manteve nesta sexta-feira uma lei federal que torna crime a posse de armas por pessoas que foram alvo de medidas protetivas por violência doméstica, em uma vitória para o governo Biden, com os juízes negando ampliar ainda mais o direito às armas após uma grande expansão ocorrida em 2022.
A decisão, tomada por 8 a 1, foi relatada pelo juiz John Roberts e reformou uma sentença de uma corte inferior, que derrubava uma lei de 1994 por supostamente violar a Segunda Emenda à Constituição dos EUA, que retrata o “direito de ter e portar armas”. A lei foi alvo de um processo de um homem no Texas, contra o qual pesam medidas protetivas por ter agredido a sua namorada em um estacionamento, ameaçando atirar nela depois.
A 5ª Corte de Apelação dos EUA, em Nova Orleans, concluiu que a lei não coaduna com a decisão de 2022 da Suprema Corte, que exigia que as leis sobre armas fossem “consistentes com a tradição histórica do país, de regulamentação de armas de fogo”, para respeitar a Segunda Emenda.
Roberts escreveu na decisão que, desde a fundação da nação, as leis sobre armas de fogo eram restritivas para pessoas que ameaçaram fisicamente os demais.
“Quando uma medida protetiva contém a descoberta de que um indivíduo é uma ameaça crível à segurança física de uma parceira íntima, esse indivíduo pode -- de acordo com a Segunda Emenda -- perder a posse de armas de fogo, enquanto a medida estiver vigente”, escreveu.
O governo Biden defendeu a lei como fundamental para proteger as vítimas de abuso e da segurança pública, que em geral são mulheres. A administração enfatizou que as armas são uma ameaça particularmente grande em situações de violência doméstica e também muito perigosas para policiais que são chamados para essas ocorrências.
“Ninguém que foi abusado deve se preocupar com o fato de o abusador obter uma arma”, afirmou Biden. “Como resultado da decisão, sobreviventes de violência doméstica e suas famílias ainda poderão contar com proteções fundamentais, assim como tiveram nas últimas três décadas.”
O juiz conservador Clarence Thomas, que relatou a decisão de 2022, foi a única voz dissonante no julgamento.
O caso envolvia Zackey Rahimi, que se declarou culpado em 2021 por posse ilegal de armas, enquanto era alvo de uma medida protetiva. A polícia encontrou uma pistola e um rifle em uma busca na casa dele, em conexão com outros cinco incidentes com armas de fogo, incluindo o uso de um rifle para disparar contra a casa de um homem para o qual ele havia vendido drogas.
Em maio, pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que 75% dos eleitores norte-americanos registrados, incluindo 84% dos democratas e 70% dos republicanos, disseram que uma pessoa contra a qual vigoram medidas protetivas por violência doméstica não deveria ter posse de arma.
Com uma nação dividida no tema das armas de fogo em meio a frequentes massacres, a Suprema Corte tem tomado uma postura expansiva em relação à Segunda Emenda, ampliando os direitos armamentistas em decisões de 2008, 2010 e 2022. Há dois anos, a corte reconheceu um direito constitucional de carregar uma arma em público para autodefesa, derrubando assim um limite imposto no Estado de Nova York sobre o porte de armas escondidas fora das dependências do lar.
Reuters