Taxas dos DIs sobem em dia de ajustes no Brasil antes de decisão do Fed
Taxas dos DIs sobem em dia de ajustes no Brasil antes de decisão do Fed
Reuters
28/10/2025
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em alta, com o mercado ajustando posições no Brasil após os recuos recentes da curva e antes da decisão do Federal Reserve sobre juros, na quarta-feira, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries cediam.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,13%, em alta de 5 pontos-base ante o ajuste de 13,083% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,54%, com elevação de 7 pontos-base ante o ajuste de 13,47%.
Nas sete sessões anteriores, as taxas futuras caíram em cinco delas, na esteira da divulgação dos dados de inflação abaixo do esperado no Brasil e nos EUA, do corte no preço da gasolina brasileira e da queda do dólar ante o real, entre outros fatores.
Em função disso, conforme profissionais ouvidos pela Reuters, as taxas passaram por ajustes de alta nesta terça-feira, buscando novos níveis de acomodação. Às 9h19, ainda na primeira meia hora de negócios, a taxa do DI para janeiro de 2028 -- o mais líquido -- marcou a máxima de 13,150%, em alta de 7 pontos-base ante o ajuste anterior.
Apesar do ajuste de alta no Brasil, as taxas futuras operaram em margens relativamente estreitas, em meio à expectativa dos agentes pela decisão de política monetária do Fed na tarde de quarta-feira.
Atualmente, a taxa de referência nos EUA está na faixa entre 4,00% e 4,25%. No fim da tarde, a ferramenta CME FedWatch mostrava que os ativos precificam 99,9% de probabilidade de corte de 25 pontos-base dos juros nos EUA nesta quarta. Além disso, há 90,8% de chance de corte de mais 25 pontos-base em dezembro, enquanto as apostas para o encontro do fim de janeiro do Fed estão mais equilibradas: 48,3% para mais um corte de 25 pontos-base e 47,4% para manutenção.
Na prática, mais dois cortes de 25 pontos-base pelo Fed este ano são largamente esperados, mas janeiro segue uma incógnita.
“A mediana do Fed apontava para três cortes este ano. Já houve um corte em setembro, haverá outro amanhã e também no seguinte (em dezembro)”, comentou o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, acrescentando que o cenário para janeiro não é tão claro.
Segundo ele, ao mesmo tempo em que o Fed tem se apoiado nas preocupações com o mercado de trabalho para justificar os cortes, a atividade econômica nos EUA segue forte. Isso sugere que os membros do Fed, que já estavam divididos antes, podem se mostrar um pouco mais resistentes à continuidade da baixa de juros.
No Brasil, a postura do Fed será fundamental para as apostas na trajetória da Selic, hoje em 15% ao ano.
Nos últimos dias, a curva de juros brasileira passou a precificar chances maiores de o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic já em janeiro, e não em março, ainda que os membros do BC sigam defendendo uma taxa de juros estável “por período bastante prolongado”, para conduzir a inflação à meta de 3%.
“É razoável pensar que o corte da Selic pode chegar antes. E este é o grande teste para o BC, para ver o quanto ele vai ser sensível à pressão do governo e do mercado para cortar juros”, avaliou Olivares, que espera por um aumento da pressão sobre o BC, em especial se o Fed caminhar para outro corte de juros em janeiro.
“Mas pela condução do BC, nada me faz pensar que eles cortarão a Selic antes de estarem convictos sobre isso”, acrescentou.
Perto do fechamento da sessão a curva precificava 97% de probabilidade de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, na semana que vem.
Durante a sessão, sem efeitos sobre a curva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se necessário, o governo pode enviar ao Congresso Nacional uma proposta complementar ao projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil mensais, para evitar perda de receitas e garantir a neutralidade fiscal da medida.
Haddad afirmou que a pasta está analisando projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, que estimam perda de arrecadação de R$1 bilhão, valor que ele disse ser 'facilmente ajustável', em comparação com cálculos da Fazenda, que preveem queda de receita em torno de R$4 bilhões.
Às 16h42, em meio à expectativa antes da decisão do Fed, o rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha queda de 1 ponto-base, a 3,488%. O retorno do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 2 pontos-base, a 3,98%.
Os agentes também se mantinham atentos às negociações comerciais. O presidente dos EUA, Donald Trump, se reunirá na quinta-feira com o presidente da China, Xi Jinping, na Coreia do Sul, para discutir saídas para o embate comercial entre os dois países.
Reuters

