TAYLOR SWIFT ENCERRA DISPUTA SOBRE SEUS PRIMEIROS ÁLBUNS

A cantora Taylor Swift anunciou na última sexta-feira (30) que finalizou a compra dos direitos de seus seis primeiros álbuns, encerrando uma disputa de seis anos pela posse de suas gravações originais. A batalha pública envolvendo direitos autorais, controle artístico e os bastidores da indústria musical se tornou um marco para artistas no mundo inteiro.

Como Tudo Começou: O Caso Big Machine e Scooter Braun

Entre 2006 e 2017, Taylor Swift lançou seis álbuns sob o selo Big Machine Records, fundado por Scott Borchetta (na foto acima):

• Taylor Swift (2006)
• Fearless (2008)
• Speak Now (2010)
• Red (2012)
• 1989 (2014)
• Reputation (2017)

Essas gravações originais – chamadas na indústria de masters – pertenciam à gravadora. Quando o contrato expirou em 2018, Taylor assinou com a Republic Records (Universal Music Group), passando a controlar os masters de seus futuros trabalhos.

Mas, em 2019, a situação mudou: a empresa Ithaca Holdings, do empresário Scooter Braun (em destaque logo acima), comprou a Big Machine, adquirindo também os masters dos seis primeiros álbuns da artista. A cantora afirmou que não foi informada sobre a venda e que não teve chance de comprar suas próprias músicas.

Swift acusou Braun e Borchetta de comportamento manipulador nos bastidores da indústria. A venda causou indignação pública e mobilização de fãs ao redor do mundo.

Os Masters São Vendidos Novamente

Em novembro de 2020, Scooter Braun revendeu os masters à empresa Shamrock Holdings, por cerca de US$ 300 milhões. Embora a Shamrock tenha tentado firmar parceria com Swift, o contrato ainda dava margem para que Braun continuasse lucrando com as músicas — algo inaceitável para a artista.

Taylor reagiu publicamente com frustração e desapontamento, afirmando que não poderia “em boa consciência” apoiar qualquer acordo que mantivesse Scooter Braun envolvido financeiramente com sua obra. Em carta aberta, ela explicou que ficou indignada com a falta de transparência e que soube da venda dos direitos apenas após a conclusão do negócio.

“Foi a segunda vez que minha música foi vendida sem meu conhecimento”, declarou Swift na época.

A Estratégia Genial: Taylor's Version

Sem poder adquirir os álbuns originais, Taylor Swift decidiu regravar todos os seis discos com novos arranjos fieis aos originais. Essas versões passaram a ser lançadas com o selo “Taylor’s Version”, agora sob seu controle total. A medida não só valorizou sua autonomia artística como também desvalorizou comercialmente os álbuns antigos.

Estimativas não confirmadas sugerem que a compra total dos direitos ficou abaixo de US$ 600 milhões, segundo o The Guardian.

Quais Álbuns Já Foram Regravados

Até agora, Taylor Swift já lançou quatro regravações oficiais:

• Fearless (Taylor’s Version) – abril de 2021
  Inclui faixas inéditas e novas versões dos sucessos originais.
• Red (Taylor’s Version) – novembro de 2021
  Aclamado pela crítica, o álbum inclui a famosa versão de All Too Well com 10 minutos.
• Speak Now (Taylor’s Version) – julho de 2023
  Com colaborações de Hayley Williams e Fall Out Boy.
• 1989 (Taylor’s Version) – outubro de 2023
  Considerado um dos mais aguardados, trouxe refinamentos e faixas From the Vault.

Os Próximos da Lista: Debut e Reputation

As duas regravações restantes são:

• Taylor Swift (debut)
• Reputation (2017) – elegível para regravação após 2024

Na carta publicada em 30 de maio de 2025, Taylor confirmou ter finalizado a regravação do álbum de estreia, mas ainda não divulgou a data oficial de lançamento. Sobre Reputation, explicou que o processo foi emocionalmente mais difícil, o que atrasou os trabalhos. A cantora deixou em aberto a possibilidade de lançar as faixas inéditas "no tempo certo".

A Carta de Taylor aos Fãs

“Finalmente posso dizer estas palavras:
Toda a música que eu já fiz... agora pertence a mim.

[...] Dizer que esse é o maior sonho da minha vida realizado é até pouco.”

Em tom emocionado, Swift agradeceu aos fãs pelo apoio durante os anos de regravações. A artista revelou que a negociação com a Shamrock Holdings foi feita com respeito e sensibilidade ao valor sentimental de sua obra.

Ela ainda brincou que sua primeira tatuagem pode ser um trevo de quatro folhas, em referência à Shamrock (“trevo” em inglês).

Confira a seguir a tradução completa da carta:

"Oi.

Estou tentando organizar meus pensamentos de forma coerente, mas neste momento minha mente é um turbilhão. Uma coisa acontece de uma vez. Todo esse tempo eu pensei que, se você trabalhasse duro, se fizesse algo com amor e esforço, um dia teria a chance de recuperá-lo. Todo esse tempo eu pensei que era apenas uma esperança distante. Quase deixei de acreditar que isso pudesse acontecer. Quase todos os dias, durante 20 anos, eu sonhei com isso. E então me foi tirado. Mas isso é passado agora.

Tenho chorado de alegria em momentos aleatórios desde que soube que isso estava realmente acontecendo. Finalmente posso dizer isso:

Toda a música que eu já fiz... agora me pertence.

Assim como todos os vídeos musicais.
Todos os encartes de álbuns.
As imagens da sessão de fotos.
As músicas não lançadas.
As versões de demonstração.
As ideias.
Os sonhos.
Cada nota escrita.
Toda a obra da minha vida.

Dizer que este é o maior sonho da minha vida se tornando realidade seria um eufemismo. Aos meus fãs, vocês sabem o quanto isso significa para mim. Significa tanto que eu meticulosamente regravei e lancei os seis primeiros álbuns que fiz com a Big Machine Records. As versões regravadas desses álbuns representam minha força, minha perseverança e, mais do que tudo, minha vontade de recuperar meu trabalho. Os “Taylor’s Versions”, como vocês os chamam. Essas regravações nasceram do amor e da determinação de vocês por me ajudarem a recuperar essa arte à qual dediquei minha vida, mas que nunca me foi permitida possuir completamente — até agora.

Tudo que eu sempre quis era a oportunidade de trabalhar duro o suficiente para poder comprar minha própria música. Eu queria uma chance. E havia uma parceria possível com uma empresa chamada Shamrock que eu realmente considerei. Mas, se Scooter Braun continuasse a lucrar com minha música, isso era um compromisso que eu nunca poderia aceitar. Mesmo nos momentos difíceis, cada interação com a Shamrock foi cheia de respeito, transparência e gentileza. Isso significou muito para mim.

Mas esse acordo finalmente chegou. E estou eternamente grata. Meus olhos estão completamente cheios de lágrimas enquanto escrevo isso.

Sei o que vocês devem estar se perguntando: e quanto ao Reputation (Taylor’s Version)? Total transparência: ainda não consegui regravar esse. O álbum Reputation foi criado com um som tão específico, numa fase tão intensa da minha vida. Continuo tentando alcançar aquele espírito de quando o escrevi. Ainda não encontrei isso. Mas vai acontecer — eventualmente.

E quanto ao Debut (Taylor’s Version)? Ele virá! Tenho tantas ideias para ele. Aqueles vocais adolescentes, aqueles sentimentos crus, aquele som country de primeira. Mal posso esperar para mergulhar nisso. Esses dois álbuns vão acontecer. Quando estiverem prontos.

Estou profundamente emocionada com as conversas que esta saga provocou — sobre artistas, seus direitos e quem realmente deve ser o dono da arte que eles criam. Cada vez que vocês se interessam por isso, cada vez que vocês apoiam minhas regravações com tanto entusiasmo, estão ajudando a mudar as coisas. Obrigada por se importarem com algo que pensei que ninguém além de mim pudesse valorizar. Obrigada por me encorajarem. Por me fortalecerem. Por mostrarem o quanto isso tudo importa.

Graças a vocês — e ao bom trabalho em equipe, e ao incentivo — as melhores coisas que já me aconteceram agora são finalmente minhas.

Com amor e admiração,
Taylor"

Impacto Cultural e Mudança na Indústria Musical

A iniciativa de Taylor Swift já é considerada um divisor de águas na indústria fonográfica. Além de impulsionar discussões sobre contratos mais justos, a estratégia mostrou que artistas podem retomar o controle de sua arte, mesmo após anos de contratos restritivos.

Os lançamentos de Taylor’s Version não apenas superaram os álbuns originais nas paradas da Billboard, como consolidaram Swift como um dos maiores fenômenos culturais da atualidade. Segundo a revista Rolling Stone, a artista “mudou para sempre a forma como a indústria enxerga propriedade intelectual”.

Por Que Isso Representa um Marco?

A trajetória de Taylor Swift com seus álbuns originais vai além de uma disputa comercial. É um exemplo inspirador de resiliência, estratégia e empoderamento artístico. Ao comprar de volta sua música, ela também comprou sua liberdade criativa — algo que muitos artistas ainda lutam para conquistar.

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