Tereos mira chegar a mil clientes no mercado livre de energia com parcerias e aquisições
Tereos mira chegar a mil clientes no mercado livre de energia com parcerias e aquisições
Reuters
03/07/2025
Por Leticia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A Tereos planeja ampliar sua atuação no mercado livre de energia elétrica no Brasil para mil clientes atendidos nos próximos dois anos, em estratégia que envolve desde parcerias com empresas para as quais já fornece açúcar e etanol até aquisição de carteiras de grupos que estão saindo do negócio, disse à Reuters um executivo da companhia.
A empresa de origem francesa, segunda maior produtora de açúcar do Brasil, gera energia elétrica a partir da biomassa da cana em seis de suas usinas sucroalcooleiras no Estado de São Paulo. O volume anual, próximo a 1.500 gigawatts-hora (GWh), é suficiente para atender todo o consumo das operações da Tereos no país e 'exportar' o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Grande parte das unidades de geração de energia originalmente atendia a contratos de longo prazo no mercado regulado, que já expiraram ou estão perto do vencimento. Com isso, o grupo passou a focar mais no mercado livre, primeiro junto a consumidores maiores e, mais recentemente, a empresas menores, do segmento conhecido como 'varejista'.
O nicho de comercialização varejista de energia engloba pequenas e médias empresas, como lojas, hotéis ou pequenas indústrias, com cargas relativamente baixas. O segmento ganhou impulso principalmente no ano passado, quando todos os consumidores conectados em alta e média tensão passaram a poder contratar energia diretamente de um fornecedor no mercado livre, opção antes restrita a indústrias e grandes companhias.
Isso também atraiu outras empresas do setor sucroenergético para uma atuação mais forte no mercado livre de eletricidade.
A Tereos já contabiliza mais de 100 pequenos e médios negócios em sua carteira de clientes, e planeja aumentar esse número em dez vezes, chegando a mil nos próximos dois anos, atraídos pelo potencial de descarbonização de seu consumo de energia e economia de custos.
'A gente tem mais umas 100, 150 negociações (com clientes) em andamento... A grande maioria vê nessa oportunidade, além da questão da sustentabilidade, uma redução de custo, que muitas vezes pode chegar a até 40%', afirmou à Reuters Samuel Custódio, gerente de comercialização de energia da Tereos.
Segundo o executivo, entre as ações previstas no plano de crescimento, estão parcerias de diferentes tipos, inclusive com empresas que já são clientes da produção de açúcar e etanol da Tereos.
'Nós temos trabalhado com algumas grandes empresas, parceiros nossos inclusive em nível global, para ofertar (energia) para fornecedores e clientes da cadeia deles', explicou.
Outra possibilidade em estudo é a compra de carteiras de clientes de empresas que estão saindo do segmento de comercialização de energia elétrica.
'São empresas que entraram nesse segmento lá atrás, mas viram que seguir nesse caminho, talvez não faça sentido, talvez negociar essa carteira seja uma boa opção para eles.'
Custódio avaliou que a última crise no mercado livre de energia elétrica, com inadimplência e quebra de comercializadoras reconhecidas no fim do ano passado, tornou o ambiente 'mais seletivo', algo que favoreceu empresas como a Tereos.
'Notamos uma procura maior por negócios com players mais sólidos... Buscando fortalecer ainda mais a parceria conosco em detrimento de seguir com outras casas, outras comercializadoras que não têm uma robustez ou um ativo de produção de energia, por exemplo'.
AUMENTO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA
As unidades da Tereos têm potencial para ampliar a geração de energia para cerca de 2.000 GWh/ano, a depender do volume da matéria-prima processada, do recolhimento de palha no campo ou da aquisição de biomassa de terceiros.
'A questão da produção (de energia) está limitada às condições de mercado, disponibilidade, custo de aquisição de biomassa, bem como do preço de energia.'
O maior volume de energia é produzido durante o período da safra de cana, mas as unidades são flexíveis, de modo que não dependem totalmente da realização da moagem para gerar eletricidade.
Custódio ressaltou a importância do negócio para o grupo, por contribuir para uma diversificação de receita e permitir capturar mais valor dos ativos, além de reforçar a atuação da Tereos na descarbonização da matriz energética.
'Apesar de energia não ter uma representatividade muito grande em termos de faturamento, já chegou a representar cerca de 25% do Ebitda do grupo (no Brasil), contribuindo para a previsibilidade de caixa'.
(Por Letícia Fucuchima)
Reuters