Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1

Toffoli indica voto para que Justiça dê aval prévio em repasse de informações por órgãos de controle

Toffoli indica voto para que Justiça dê aval prévio em repasse de informações por órgãos de controle

Reuters

20/11/2019

Placeholder - loading - Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Brasilia, Brasil 17/10/2019. REUTERS/Adriano Machado
Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Brasilia, Brasil 17/10/2019. REUTERS/Adriano Machado

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, indicou nesta quarta-feira voto a favor para exigir que haja uma autorização judicial prévia para que órgãos de controle repassem informações referentes a movimentações financeiras ou fiscais de cidadãos para instruir investigações do Ministério Público e da Polícia Federal ou estadual.

Entre esses órgão de controle estão o antigo Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) e a Receita Federal.

O julgamento foi suspenso para o almoço e retornará à tarde, a partir da complementação do voto de Toffoli, relator da ação. Ainda faltam outros 10 ministros a votar.

Em seu voto, Toffoli afirmou que, por lei, os órgãos de controle podem compartilhar informações cadastrais sem aval da Justiça. Mas frisou que a Unidade de Inteligência Financeira (UIF), substituto do Coaf, é um órgão de inteligência e por isso tem seus limites de atuação.

'A UIF é um órgão de inteligência, não é de fiscalização, de persecução, é um órgão que recebe alertas e sobre esses alertas fazem análise. Ela não tem poder de iniciativa, ela não pode se imiscuir nos bancos para saber a informação da vida financeira das pessoas', disse.

Toffoli disse que seria 'lenda urbana' o argumento daqueles de que dizem que no julgamento desta quarta se estaria julgando o senador Flávio Bolsonaro, que é filho do presidente Jair Bolsonaro. Isso porque o ministro do STF tinha suspendido a tramitação de todas as apurações que continham dados específicos -- posteriormente, ele estendeu os efeitos desse entendimento a Flávio Bolsonaro, que tinha contra si uma investigação com relatório de inteligência do Coaf.

O caso concreto -- que servirá de baliza para a corte fixar o entendimento geral -- refere-se a um recurso contra uma decisão da Justiça anterior que anulou uma ação penal contra donos de postos de combustíveis que questionam o fato de a Receita ter repassado a procuradores, sem autorização judicial, dados bancários. Toffoli questionou o fato de, nesse processo, haver mais de 600 páginas de dados bancários além de imposto de renda de diversas pessoas sem que sejam formalmente investigadas.

Durante o voto, o relator citou dados para argumentar que houve mais requisições de relatórios de inteligência da UIF feitos pelo MP ou por policiais do que o repasse desses documentos a esses órgãos de investigação. Segundo o ministro, essa prática é indevida, porque a unidade de inteligência tem de atuar de forma inerte.

O presidente do STF disse que a necessidade de aval da Justiça vale para informações financeiras repassadas pela Receita. Destacou ser necessário cumprir uma série de exigências para essa troca de informações. E criticou o fato de o MP, em alguns casos, fazer apurações sem passar pelo crivo da Justiça. 'Investigações de gaveta que servem para assassinar reputações que não tem ilícito nenhum', disse.

Em sua sustentação oral, o procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu que os órgãos de controle como o antigo Coaf possam repassar informações de pessoas ao Ministério Público ou à Polícia Federal sem que precise de um aval do Judiciário. Para ele, o sistema de envio dessas informações, se for alterado, poderá comprometer o combate à lavagem de dinheiro, à corrupção e a credibilidade do sistema financeiro.

Aras disse ainda que, no caso do Coaf, são 15 mil comunicações diárias e quase 420 mil comunicações feitas no ano passado. Ele disse que uma mudança nessa sistemática prejudica investigações e atenta contra regras internacionais que o país é signatário, como o Gafi. Ressalvou que os relatórios não são, por si só, meios de prova.

O procurador-geral afirmou que houve, no julgamento desta quarta, um alargamento na decisão tomada pelo relator ao beneficiar o senador Flávio Bolsonaro.

Reuters

Compartilhar matéria

Mais lidas da semana

 

Carregando, aguarde...

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.