Trump diz que EUA têm comprador para TikTok

Por Andrea Shalal e Deborah Mary Sophia

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que os EUA e a China têm um acordo que manteria o TikTok operando nos Estados Unidos, transferindo seus ativos norte-americanos atualmente detidos pela chinesa ByteDance para novos proprietários norte-americanos, potencialmente resolvendo uma saga que se arrasta há quase um ano.

Um acordo sobre o popular aplicativo de mídia social, que conta com 170 milhões de usuários nos EUA, representa um avanço nas negociações de meses entre as economias número 1 e número 2 do mundo, que tentaram neutralizar uma guerra comercial abrangente responsável por enervar os mercados globais.

'Temos um acordo sobre o TikTok... Temos um grupo de empresas muito grandes que querem comprá-lo', disse Trump, sem fornecer mais detalhes.

Ele elogiou o acordo comercial firmado com a China, chamando-o de melhoria para ambos os países, e disse que ele preservaria dezenas de bilhões de dólares de valor.

'As crianças querem tanto isso que os pais estão me ligando. Eles não querem isso para si mesmos. Eles querem isso para seus filhos', disse Trump.

Qualquer acordo poderia exigir a aprovação do Congresso controlado pelos republicanos, que aprovou uma lei em 2024 durante o governo do então presidente democrata Joe Biden que exigia a alienação devido ao temor de que os dados dos usuários norte-americanos do TikTok pudessem ser acessados pelo governo chinês, permitindo que Pequim espionasse os norte-americanos ou conduzisse operações de influência por meio do aplicativo.

O governo Trump se recusou repetidamente a aplicar uma lei que exigisse o fechamento do aplicativo devido a preocupações de que isso irritaria os usuários e interromperia as comunicações políticas, estendendo o prazo de desinvestimento em três ocasiões diferentes.

Trump creditou ao aplicativo o fato de tê-lo ajudado a vencer a eleição presidencial no ano passado, e sua conta pessoal tem 15 milhões de seguidores. A Casa Branca lançou uma conta oficial do TikTok no mês passado.

A CNBC informou na terça-feira que o negócio deverá ser fechado nos próximos 30 a 45 dias e que o acordo incluirá os investidores existentes na ByteDance, empresa controladora do TikTok na China, e novos investidores.

A Reuters não verificou de forma independente a reportagem da CNBC. No entanto, os detalhes estão de acordo com a reportagem da Reuters em abril, segundo a qual o acordo transformaria as operações da TikTok nos EUA em uma nova empresa com sede nos EUA e de propriedade majoritária e operada por investidores norte-americanos.

TARIFAS E TIKTOK

Um acordo sobre o TikTok estava sendo trabalhado na primavera do Hemisfério Norte, mas foi suspenso depois que a China indicou que não o aprovaria após os anúncios de Trump de tarifas comerciais pesadas sobre produtos chineses.

Washington afirmou que o fato de a ByteDance ser proprietária do TikTok faz com que ela esteja em dívida com o governo chinês e que Pequim poderia usar o aplicativo para coletar dados sobre os norte-americanos.

A empresa disse que as autoridades norte-americanas avaliaram erroneamente seus laços com a China, argumentando que seu mecanismo de recomendação de conteúdo e os dados dos usuários são armazenados nos EUA em servidores de nuvem operados pela Oracle, enquanto as decisões de moderação de conteúdo que afetam os usuários norte-americanos também são tomadas nos EUA.

A CNBC também informou na terça-feira que a Oracle manterá seu acordo de nuvem com a TikTok como parte do acordo. A Reuters noticiou no início deste ano que a Casa Branca estava trabalhando em um plano para que a Oracle, juntamente com um grupo de investidores externos, assumisse o controle das operações do aplicativo.

Como parte do plano, a Oracle teria sido responsável por tratar de questões de segurança nacional, informou a Reuters na época.

Um acordo-quadro foi alcançado por autoridades de ambos os países na segunda-feira, marcando um avanço após meses de intensas negociações. A Casa Branca tem se envolvido em um nível sem precedentes nas conversas sobre o acordo, que estão sendo acompanhadas de perto.

Em meio à escalada das tensões comerciais, as delegações dos EUA e da China discutiram o desinvestimento como parte de disputas mais amplas sobre tarifas e regulamentações de controle de exportação de tecnologia.

Uma confirmação final sobre o acordo é esperada na sexta-feira em uma ligação entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping.

Vários pretendentes, incluindo o ex-proprietário do Los Angeles Dodgers, Frank McCourt, uma startup dirigida pelo fundador da OnlyFans e a Amazon, expressaram interesse no negócio de rápido crescimento que os analistas estimam que possa valer até US$50 bilhões.

(Reportagem de Andrea Shalal, Jarrett Renshaw, Deborah Sophia e Jaspreet Singh)