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Trump intensifica disputa com Fed sobre juros e acusa Powell de 'fazer política'

Placeholder - loading - Presidente dos EUA, Donald Trump, observa o chair do Fed, Jerome Powell 02/11/2017 REUTERS/Carlos Barria
Presidente dos EUA, Donald Trump, observa o chair do Fed, Jerome Powell 02/11/2017 REUTERS/Carlos Barria

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Por Howard Schneider

(Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou nesta quinta-feira uma série de ataques contra o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, acusando o chefe do banco central de 'fazer política' ao não cortar as taxas de juros e afirmando que ele tinha o poder de tirar Powell do cargo 'muito rápido'.

A demissão de Powell da presidência do Fed 'pode não vir rápido o suficiente', disse o presidente em comentários matinais publicados nas redes sociais. A publicação de Trump também afirmou que o Fed deveria cortar as taxas de juros e chamou um discurso recente de Powell sobre a economia de 'uma bagunça completa'.

Trump ampliou o assunto em uma aparição posterior à imprensa, refletindo sobre como as decisões do Fed poderiam pesar no destino do presidente dos EUA.

As taxas de juros sobre hipotecas residenciais e outros créditos ao consumidor continuam altas, por exemplo, e o Fed provavelmente oferecerá pouco alívio agora que os riscos de inflação estão aumentando na esteira dos planos tarifários de Trump.

'O Fed realmente deve ao povo americano a redução das taxas de juros. É só para isso que ele serve', disse Trump. 'Não estou satisfeito com ele. Se eu quiser que ele saia de lá, ele vai sair rapidinho, acredite.'

Os comentários incisivos de Trump sobre Powell ecoam a linguagem, por vezes agressiva, usada contra o chair do Fed durante seu primeiro mandato. Trump aborda uma questão com potencial para abalar os mercados globais caso tente de fato demitir Powell por discordar de suas decisões de política monetária.

Reservadamente, Trump vem discutindo a demissão de Powell há meses e conversou sobre isso com o ex-governador do Fed, Kevin Warsh, incluindo a possibilidade de escolher o próprio Warsh como substituto de Powell, informou o Wall Street Journal, citando fontes não identificadas e familiarizadas com o assunto.

Warsh, por sua vez, desaconselhou a demissão de Powell, argumentando que Trump deveria deixar o presidente do Fed concluir seu mandato sem interferência, segundo a reportagem.

Não está claro se Trump tem o poder de destituir Powell, que é nomeado pelo presidente, mas confirmado pelo Senado. Uma iniciativa de Trump para destituir membros de outras agências independentes está atualmente em tramitação na Suprema Corte. Na quarta-feira, Powell disse acreditar que o caso não alteraria a independência de longa data do Fed em política monetária, algo que conta com amplo apoio bipartidário.

Ao contrário da afirmação de Trump, de que Powell sairia se isso fosse solicitado, Powell disse que não tem planos de deixar o cargo antes do fim de seu mandato, em maio do ano que vem.

Ainda assim, os comentários reacenderam uma questão que os investidores esperavam que fosse resolvida com Powell cumprindo seu mandato de quatro anos, até maio de 2026, e Trump escolhendo um sucessor. Tal transição evitaria o tipo de disputa que poderia minar a credibilidade do Fed, que continua importante para os mercados globais.

Os mercados de apostas online perceberam isso, com um contrato na plataforma Kalshi agora colocando uma chance em quatro de que Powell deixe de ser presidente do Fed até o fim do ano, quase o dobro das chances de um mês atrás.

RISCOS ALTOS

A explosão de Trump com Powell foi sensível o suficiente, disse o site Politico em uma reportagem citando fontes não identificadas, para que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, tenha alertado autoridades da Casa Branca sobre tentativas de demitir Powell, dizendo que isso arriscaria desestabilizar os mercados financeiros.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que, com o enfraquecimento da perspectiva global diante da investida tarifária de Trump, os bancos centrais, como o Fed, precisam permanecer ágeis e confiáveis -- capacidades que podem ser limitadas pela interferência política.

'Uma cristalização repentina da ameaça à independência do Fed intensificaria o estresse do mercado e o deslocaria para uma direção mais estagflacionária, com um aumento acentuado no risco de cauda', disse o vice-presidente do Evercore ISI, Krishna Guha, em nota.

Os comentários de Trump ocorrem um dia após Powell dizer em um evento no Clube Econômico de Chicago que a 'independência do Fed é amplamente compreendida e apoiada em Washington e no Congresso, onde realmente importa'. A fala atraiu aplausos do grupo de executivos de alto escalão presentes ao evento, por sua promessa de definir taxas de juros independentemente de pressão política ou considerações partidárias.

Powell também minimizou a probabilidade de cortes nas taxas de juros em breve. Ele afirmou que os planos tarifários do governo provavelmente aumentariam tanto a inflação quanto o desemprego, deixando o Fed sem poder fazer quaisquer alterações nas taxas de juros até que a direção da economia esteja mais clara.

(Reportagem de Howard Schneider em Washington e Angela Christy e Gursimran Kaur em Bengaluru)

Escrito por Reuters

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