Trump reconhece limites constitucionais para terceiro mandato, por enquanto

Por Trevor Hunnicutt

A BORDO DO FORÇA AÉREA UM (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que não buscará um terceiro mandato, uma mudança marcante depois de meses ventilando a ideia, apesar da proibição imposta pela Constituição do país, mas não ficou claro se essa é sua palavra final sobre o assunto.

Trump, que é conhecido por mudar de ideia sobre questões importantes, fez a declaração a repórteres a bordo do avião presidencial Força Aérea Um durante sua viagem à Ásia. Seu flerte com a ideia alarmou oponentes e especialistas constitucionais, que afirmam que um terceiro mandato contrariaria a 22ª Emenda da Constituição dos EUA, que estabelece que nenhuma pessoa pode ser eleita para a Presidência mais de duas vezes.

'Se você ler a emenda, ela é bem clara -- não tenho permissão para concorrer. É uma pena, mas temos muitas pessoas excelentes', disse Trump, referindo-se a outros republicanos que poderiam tentar sucedê-lo após o término de seu atual mandato, em janeiro de 2029.

No entanto, Trump frequentemente assume posições aparentemente firmes em relação a questões, para depois reverter o curso. No passado, Trump, 79 anos, recusou-se repetidamente a descartar a possibilidade de buscar um terceiro mandato de quatro anos em 2028.

Seus comentários foram feitos um dia depois de um aliado político próximo, o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Mike Johnson, ter dito a Trump que não via um caminho para mudar a Constituição para permitir um terceiro mandato.

A 22ª Emenda da Constituição dos EUA foi adotada em 1951 depois que Franklin Roosevelt foi eleito presidente quatro vezes.

'Foi um ótimo percurso. Mas acho que o presidente sabe, e ele e eu conversamos sobre as restrições da Constituição', disse Johnson a repórteres no prédio do Congresso dos EUA.

'Não vejo uma maneira de emendar a Constituição, porque leva cerca de 10 anos para fazer isso, como todos vocês sabem, para permitir que todos os Estados ratifiquem... o que dois terços da Câmara e três quartos dos Estados aprovariam', disse Johnson.

Esta semana não foi a primeira vez que Johnson abordou a barreira legal que impede Trump de exercer um terceiro mandato. Um ex-advogado constitucional que se concentrou em direitos religiosos e questões sociais conservadoras antes de ser eleito para o Congresso em 2016, o republicano da Louisiana disse no início deste ano que Trump entendia as limitações constitucionais.

Os últimos comentários de Johnson contrastaram fortemente com alguns membros da maioria republicana da Câmara, que disseram publicamente que querem que Trump busque um terceiro mandato para evitar que um democrata entre na Casa Branca.

Trump frequentemente ventila a possibilidade de um terceiro mandato em seus comícios e distribui alegremente bonés 'Trump 2028' para seus amigos na Casa Branca.

Alguns analistas políticos veem as referências ao terceiro mandato como uma maneira estratégica de permanecer relevante, antagonizar seus adversários políticos e evitar se tornar um presidente sem influência.

Mas alguns aliados levaram seus sinais a sério, sugerindo que estão explorando caminhos legais ou políticos para tornar um terceiro mandato uma realidade, mesmo que a maioria dos estudiosos constitucionais rejeite a ideia.

Um influenciador de extrema-direita e ex-conselheiro de Trump, Steve Bannon, disse à The Economist na semana passada que há uma variedade de alternativas para Trump permanecer no cargo. 'No momento apropriado, apresentaremos qual é o plano', disse Bannon. 'Mas há um plano.'

Bannon não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre os novos comentários de Trump.