Ultimato de países da África Ocidental para golpistas do Níger se aproxima de prazo final
Ultimato de países da África Ocidental para golpistas do Níger se aproxima de prazo final
Reuters
04/08/2023
NIAMEI/ABUJA (Reuters) - Os países da África Ocidental devem determinar nesta sexta-feira uma possível intervenção caso o golpe de Estado no Níger não seja revertido até o fim de semana, após a mediação falhar em uma crise que preocupa as potências globais.
A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) assumiu uma posição dura sobre a derrubada do presidente Mohamed Bazoum na semana passada, o sétimo golpe na África Ocidental e Central desde 2020.
Devido às suas riquezas em urânio e petróleo e papel central na guerra contra os rebeldes islâmicos na região do Sahel, o Níger tem importância estratégica para Estados Unidos, China, Europa e Rússia.
O governo holandês se tornou o mais recente doador ocidental a cortar a cooperação em protesto, embora o Níger seja um dos países mais pobres do mundo e dependa de ajuda estrangeira para 40% de seu orçamento.
A nova junta militar governista, liderada pelo comandante da guarda presidencial, Abdourahamane Tiani, de 59 anos, revogou nesta semana os pactos de cooperação militar com a França, como fizeram os vizinhos Mali e Burkina Faso após seus golpes.
Paris minimizou a ação, dizendo nesta sexta-feira que, embora tivesse visto a declaração de 'alguns homens do Exército nigerino', reconhecia apenas autoridades legítimas.
A França tem entre 1.000 e 1.500 soldados no Níger, apoiados por drones e aviões de guerra, ajudando combater grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico. EUA, Alemanha e Itália também têm tropas posicionadas no Níger.
O chefe das Forças Armadas do Níger reconheceu em janeiro que a cooperação de Bazoum com as potências ocidentais melhorou a segurança no Níger em comparação com Burkina Faso e Mali, mas o golpe pode reformular a luta da região contra os militantes islâmicos.
O bloco de 15 membros da Cedeao enviou uma delegação a Niamei em busca de uma 'resolução amigável', mas uma fonte da comitiva disse que uma reunião no aeroporto com os representantes da junta não rendeu nenhum avanço e o grupo já deixou o país.
A Cedeao disse que pode autorizar o uso da força se Bazoum não voltar ao poder até domingo. Seus ministros de Defesa estavam encerrando uma reunião de um dia na capital nigeriana, Abuja, nesta sexta-feira.
(Por Boureima Balima e Moussa Aksar em Niamey, Felix Onuah e Camillus Eboh em Abuja; Reportagem adicional de Andrew Osborn em Moscou, Heine Friederike em Berlim)
Reuters