Vale corta meta de produção de aglomerados e antecipa manutenção em São Luís
Vale corta meta de produção de aglomerados e antecipa manutenção em São Luís
Reuters
02/07/2025
Atualizada em 02/07/2025
Por Marta Nogueira e Leticia Fucuchima
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Vale reduziu sua estimativa de produção de aglomerados em 2025, em meio a uma menor demanda por produtos de minério de ferro mais caros e de maior qualidade e um excesso de oferta global de pelotas, agravado pelo aumento da produção da Samarco.
A previsão de produção de aglomerados de minério de ferro da Vale em 2025 foi revisada para uma faixa de 31-35 milhões de toneladas, contra 38-42 milhões na projeção anterior, segundo informou a mineradora em fato relevante nesta quarta-feira.
A mineradora afirmou que a mudança decorre 'das atuais condições de mercado de pelotas', sem dar mais detalhes sobre os motivos, e acrescentou que todas suas demais estimativas permanecem inalteradas.
Os executivos da Vale têm reiterado que a companhia tem um portfólio flexível e competitivo, que permite que seja adaptado aos momentos de mercado.
'A decisão da Vale de revisar para baixo sua orientação de produção de pelotas para 2025 está alinhada com o ambiente de mercado mais fraco', disse o analista da Wood Mackenzie, Artur Bontempo.
'Os produtores estão cada vez mais cautelosos, com alguns direcionando parte da produção para vendas de finos.'
O especialista apontou ainda uma condição de mercado desafiadora, com a Samarco --joint venture da Vale com a BHP -- adicionando cerca de 8 milhões de toneladas de pelotas e pellet feed como parte da segunda fase de sua retomada em 2025, em um mercado que já sofre com excesso de oferta.
Segundo Bontempo, uma demanda limitada na China e o aumento das exportações chinesas de aço estão pressionando os preços globais e reduzindo a produção que consome mais pelotas, especialmente na Europa e na Ásia.
Além disso, margens menores para produtos longos e planos estão levando as siderúrgicas a preferirem minérios mais baratos e de menor qualidade em vez de pelotas de alto custo.
Em relatório, o RBC Europe Limited pontuou que o anúncio 'não é totalmente surpreendente, considerando a fraqueza contínua nos prêmios das pelotas'.
'No ponto médio, a nova orientação reduziria a oferta marítima de pelotas em 7 milhões de toneladas, representando 6% do mercado total', disse o banco, frisando que o movimento da Vale deverá ajudar a melhorar os prêmios daqui para frente e beneficiar concorrentes, como a Rio Tinto.
Com a redução da previsão, a Vale informou também que decidiu antecipar manutenções preventivas da usina de pelotização de São Luís (MA) ao longo do terceiro trimestre, paralisando a produção no período. A unidade produziu 2,6 milhões de toneladas de pelotas de alto-forno em 2024, segundo relatório de produção da companhia.
'O pellet feed, que seria utilizado como insumo das pelotizadoras, será direcionado às vendas de finos de minério de ferro, otimizando a geração de valor do portfólio de produtos', adicionou a Vale em fato relevante.
Bontempo destacou, entretanto, que a Vale poderia encontrar uma oportunidade para avançar ainda mais no segmento de pelotas de redução direta, apoiada pelo suprimento adicional de pellet feed proveniente de sua participação de 15% na produção da operação Minas-Rio da Anglo American, garantida por meio do recente acordo Serpentina.
(Por Marta Nogueira e Letícia Fucuchima; reportagem adicional de Gabriel Araujo)
Reuters